Organizador de baile funk onde universitária morreu com pedaço de garrafa diz que acesso a menores era livre

Vinicius Martins, um dos organizadores do baile funk onde a estudante de direito Luana Farias de Oliveira, de 20 anos, morreu após ser atingida no rosto e no pescoço por pedaços de uma garrafa de vodca, que foi quebrada durante uma briga, disse ao G1 nesta quinta-feira (7) que não havia nenhuma restrição a entrada de menores na festa. O evento foi realizado no domingo (3).

“A festa era particular, então não existe essa questão de menor”, disse Vinicius. Um adolescente, de 15 anos, foi identificado pela polícia como o principal suspeito do crime. Ele foi ouvido e liberado.

Apesar de Vinicius afirmar que a festa teve caráter privado, materiais de divulgação mostram o contrário. Neles, o baile é denominado “Triplo X, noite da Insonia”, e destaca: narguile liberado, bebidas liberadas até ás 23 horas. Além disso, aponta claramente a cobrança de entrada no valor de R$ 10 e ressalta que mulheres só poderiam entrar de graça até às 23h30.

De acordo com a polícia, a festa era para ser realizada no dia 1º de novembro, mas como houve um reforço do policiamento na região na data marcada, os organizadores remarcaram para o dia seguinte e avisaram o público pelas redes sociais.

Versões contraditórias

Júlio Cesar Billerbeck, presidente da Associação de Moradores do bairro Guaicurus e responsável pelo salão onde Luana morreu, afirma que não foi feito nenhum contrato de locação e que foi enganado por Vinicius, que teria dito que faria apenas uma festa de aniversário.

Eu sei quem locou, o rapaz locou, mas nos não fizemos contrato com essa pessoa, porque é morador, a gente confia nas pessoas, não tem utilidade, em festa de aniversario a gente não costuma fazer contrato”, explicou.

Vinícius nega. Ele afirma que desde o princípio, Júlio sabia que haveria uma festa no local, e que inclusive, o presidente da Associação de Moradores permaneceu no salão durante todo o baile.

A delegada responsável pelo caso, Célia Maria Bezerra, falou que a quantidade de pessoas e o material de divulgação descaracterizam que o baile funk foi uma festa particular. Ainda segundo ela, no local é comum ocorrer bailes com grande movimentação de pessoas, muito barulho e dezenas de carros e motos; o que gera inúmeras reclamações de moradores da região.

“Eu vou pedir o extrato de reclamações, ligações que são feitas ao 190, dos últimos anos, quero saber qual exata frequência dessas festas irregulares, em que em uma delas, infelizmente, houve essa fatalidade”, afirmou a delegada.