Após novos áudios, filha de Maradona desabafa contra médico: “Quanto falta para ser preso?”

Já são mais de 4 meses de investigação, e a situação do chamado “entorno” de Diego Maradona está cada vez mais complicada. O jornal argentino “Infobae” teve acesso a conversas e áudios entre pessoas próximas do craque nos dias que antecederam sua morte. As mensagens divulgadas pelo jornal geraram indignação, principalmente da filha mais velha, Dalma Maradona. No Twitter, ela desabafou:

Leopoldo Luque é um dos sete investigados pelo Ministério Público, que avança para saber se houve negligência médica e homicídio culposo. Nos áudios revelados no último fim de semana, Luque muitas vezes se mostra preocupado com seu futuro, caso Maradona viesse a falecer.

– Eu preciso que as filhas estejam nisso sem mim. Porque se chega a falhar, e vai falhar, vai ser culpa minha – diz o médico, em uma das conversas divulgadas.

Os áudios também revelam como o entorno mantinha Maradona quase que em custódia. Eram os encarregados por responder as mensagens, por administrar os medicamentos, e por incentivar o consumo de álcool e de maconha. O ex-assistente de Diego, Charly Ibáñez, é apontado como o responsável por oferecer álcool e droga a Maradona. Em um áudio, Charly diz:

– Hoje depois de comer, tomou meia taça de vinho. Na janta, outra meia tacinha. Terminamos de ver um filme, ele foi se deitar, tomou os medicamentos para descansar, fumou um baseado e dormiu. Na verdade, aprecia um senhor inglês – afirmou Charly Ibáñez, num dos áudios.

Meses antes da morte de Maradona, Leopoldo Luque chegou a pedir a Matías Morla, advogado e representante do ex-jogador, que parassem de oferecer álcool e droga a Diego.

– Primeiro é preciso cortar o acesso. (…) Ou seja, que não tenha nada. Abro a geladeira e parece que estou num mercado, com quantidade de álcool que há, me entende? Não pode ter acesso a um baseado. Esse rapaz não tem que estar aí.

Apesar do pedido do médico, Morla responde:

“Você me diz para cortar o álcool e o baseado. Eu não tenho nada que ver com a maconha. Até parece que sou eu que compro. E sobre o álcool na casa, não sei quem é que compra. Não me dedico a isso, sou o advogado. Sou o advogado e não o pai dele”, diz Morla.

Dalma Maradona, uma das filhas de Diego, no camarote da família na Bombonera, no primeiro jogo do Boca após a morte do ídolo — Foto: Reuters

Dalma Maradona, uma das filhas de Diego, no camarote da família na Bombonera, no primeiro jogo do Boca após a morte do ídolo — Foto: Reuters

Em um dos áudios, Matías Morla, que nos últimos anos estava em conflito com as filhas de Maradona, pede para que Diego grave um vídeo dizendo “que está bem” para subir nas redes sociais e provar para as filhas que sua saúde está boa.

– Gianinna está dizendo que você está preso, que está todo dia bêbado, como se fosse uma marionete. (…) Então necessito colocar nas suas redes, um vídeo teu no qual você diz que não está preso, e que está nessa casa por vontade própria.

Entre os áudios divulgados está o de Maxi Pomargo, cunhado de Morla, pedindo para que Luque não deixe que as filhas se encarreguem da internação de Maradona, e que não levem ele para a casa delas. Luque diz que não irá permitir que Gianinna e Dalma levem Diego. Em seguida Maxi Pomargo manda outra mensagem explicando a sua preocupação.

– Porque muita gente depende disso. O trabalho de muita gente depende disso. Se conseguimos escapar dessa, haverá dinheiro para todos.

Na próxima segunda-feira, dia 8 de março, a junta médica vai se reunir pela primeira vez na Direção de Medicina Legal da Polícia Científica de Buenos Aires para investigar o tratamento a que Maradona foi submetido e a atuação dos médicos e enfermeiros.

O grupo tem ao menos 10 especialista. Estima-se que a junta médica ficará reunida entre 14 e 21 dias úteis para definir se houve negligência e omissão médica e se Diego Maradona foi vítima de um homicídio culposo.

FontePor Raphael Sibilla — Buenos Aires