Não foi só o Prost! Veja outros rivais que Senna enfrentou durante carreira

Se perguntarem quem foi o maior rival de Ayrton Senna, certamente o nome de Alain Prost virá à cabeça. Mas o francês não foi a única pedra no sapato que o brasileiro teve durante a carreira nas pistas – e sequer foi o maior, segundo o próprio Senna.

Certamente, a rivalidade que explodiu na McLaren em 1988 foi uma das mais notórias por ter acontecido em grande fase para o automobilismo brasileiro e por ter sido transmitida para o mundo todo ao vivo. Por isso, decidimos contar um pouco da história das outras rivalidades, mas não sem antes de falar da história de Ayrton com o “Professor”, claro.

Fique ligado: a Globo transmite neste domingo, às 9h45, no Esporte Espetacular e no GloboEsporte.com o GP do Brasil de 1991, corrida que marcou a primeira vitória de Senna em sua terra natal. O triunfo é um dos mais dramáticos na carreira do brasileiro, já que em determinado momento da prova, na liderança, Ayrton perde quase todas as marchas do câmbio, menos a sexta.

Alain Prost

Ayrton Senna e Alain Prost estrelaram a maior rivalidade da história da Fórmula 1. Após disputarem o título de forma cordial em 1988, primeiro ano em que formaram dupla na McLaren, eles declararam guerra no GP de San Marino de 1989, porque Senna teria quebrado um pacto entre os dois.

Eles tinham um “acordo de cavalheiros” para não se atacarem na primeira curva de uma corrida: o pole se manteria à frente para não colocarem em risco uma vitória da equipe. Naquela corrida, no entanto, o brasileiro tomou a liderança do francês com facilidade na freada da curva “Tosa”. Prost ficou irritadíssimo e Senna argumentou que não tratava-se de uma largada, mas sim uma relargada, pois a corrida havia sido paralisada com três voltas em razão de um acidente de Gerhard Berger.

Independentemente de quem estava com a razão, uma coisa ficou certa: a relação dos dois nunca mais foi a mesma. No fim daquele ano, Prost sagrou-se campeão jogando o carro em cima de Senna em Suzuka. O brasileiro ainda retornou à pista e venceu a corrida, mas o francês correu para o presidente da FIA, seu compatriota Jean-Marie Balestre, e a direção de prova desclassificou Ayrton por ter cortado a chicane, mesmo não tendo levado vantagem.

O troco veio no ano seguinte, como em um roteiro de cinema. Os dois chegaram a Suzuka em situação inversa – caso abandonassem Senna seria o campeão. Em uma manobra perigosa, o brasileiro deixou o carro bater no de Prost e conquistou um título com gosto de vingança. “Ele não queria me derrotar, metaforicamente ele queria me destruir”.

Os grandes adversários só foram fazer as pazes em 1993. Na última corrida do ano, Senna e Prost selaram a trégua com um aperto de mão. O desfecho amigável para a relação explosiva de Senna e Prost ficou ainda mais evidente no fatídico GP de San Marino de 1994.

Pouco antes da largada, o brasileiro mencionou o antigo adversário em uma mensagem de rádio para uma emissora de TV francesa, que tinha o tetracampeão como comentarista para aquela corrida: “Um alô especial para nosso querido amigo Alain. Nós sentimos sua falta, Alain”, disse Senna. Prost se tornou amigo da família de Ayrton. O francês foi convidado pelos pais do brasileiro para o sepultamento do ex-rival, tendo inclusive ajudado a carregar o caixão. “Ele me fez ser um piloto melhor, embora eu só tenha realmente compreendido o significado da minha rivalidade com Ayrton depois que me aposentei”

Nelson Piquet

Senna sucedeu Piquet na vitoriosa história brasileira na F1. Porém, ao longo dos anos, os dois alimentaram uma rixa que conseguiu dividir parte da torcida brasileira. Enquanto muitos torciam pelos dois representantes do país, outros se dividiam entre os chamados “Piquetistas” e “Sennistas”.

A rixa nasceu antes mesmo de Ayrton entrar na Fórmula 1. Na época, Senna era um “garoto-prodígio”, apontado por muitos como futuro campeão, enquanto Piquet era um renomado bicampeão da categoria. A Brabham, de Bernie Ecclestone, manifestou interesse em contratar o jovem brasileiro. Mas o negócio melou e o time trouxe o inexpressivo italiano Teo Fabi.

Senna acredita ter sido vetado por Piquet, que nega. Outro fator era a Parmalat, patrocinadora do time, que preferia ter um piloto italiano em vez de dois brasileiros. As trocas de farpas se seguiram ao longo dos anos. Piquet provocou Senna dizendo que foi convidado pela McLaren antes dele para 88, Ayrton revidou e disse que o rival foi peça de manobra na negociação.

Até a ida do carioca para a Lotus naquele ano foi motivo de provocações. Senna era midiático, Piquet tinha aversão a câmeras e entrevistas. A exposição crescente do jovem piloto começou a competir com o status de Nelson. Fora de um teste de pneus em Jacarepaguá em 1988, Senna provocou: “Não faz sentido o cara ser tri e eu continuar sendo assunto. Já que ninguém gosta muito dele, o jeito era sumir para que ele pudesse aparecer um pouco”. O troco de Nelson foi “na canela”. Para revidar, ele espalhou o boato de que Senna não “gostava de mulher”. Ayrton ficou irritadíssimo e o caso foi parar até na justiça.

Nigel Mansell

Senna também teve em Mansell um grande adversário na F1, uma rivalidade não tão dramática quanto as com Prost e Piquet, mas com capítulos muito importantes. Primeiro: Mansell perdeu seu lugar na Lotus em 1985 justamente para a chegada de Senna. Nos testes antes do GP do Brasil daquele ano, os dois se enroscaram na pista, e Mansell tentou agredir o brasileiro.

No ano seguinte, os dois protagonizaram uma das chegadas mais apertadas da F1, na Espanha: 14 milésimos de vantagem para o brasileiro. Já em 1987, após novo enrosco no GP da Bélgica, causado por Mansell, o Leão tentou agredir o rival nos boxes da Lotus, mas foi contido.

Em 1991, disputaram o título ponto a ponto, até Senna forçar o Leão ao erro na penúltima prova do ano. Curiosamente, foi uma temporada na qual os dois mantiveram uma relação mais amistosa. No GP da Inglaterra, vencido por Mansell, Ayrton ficou sem gasolina na última volta e recebeu uma carona de… Mansell! A imagem correu o mundo.

Meses depois, na Espanha, os dois tiveram outro duelo memorável, lado a lado, olho no olho, no retão de Barcelona. O inglês levou a melhor, mas a imagem deles rasgando a reta separados por centímetros ficou para a eternidade.

Em 1992, um outro duelo épico: com uma McLaren inferior à Williams de suspensão ativa, Senna segurou o britânico de todas as formas nas apertadas ruas de Mônaco e venceu pela quinta vez no Principado. Quando o Leão conquistou o título daquele ano, na Hungria, ouviu de Senna no pódio: “É por isso que eu sou tão duro nas disputas”.