Quem já tomou a 2ª dose da vacina pode passar a Páscoa com outra pessoa?

Com a chegada do feriado da Páscoa, cientistas, médicos e outros profissionais de Saúde têm pedido às pessoas que fiquem em casa e mantenham o isolamento para diminuir a disseminação do coronavírus.

Mas e quem já tomou a segunda dose da vacina? Essas pessoas – cerca de 5 milhões – podem passar o feriado junto com outras?

Especialistas ouvidos pelo G1 avaliam que não.

“Não pode. A transmissão está descontrolada. Não sabemos se vacinados transmitem, então existe esse risco. Infelizmente mesmo quem tomou o regime completo não pode [se] aglomerar nesse momento”, avalia a biomédica Mellanie Fontes-Dutra, pesquisadora de pós-doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

“Se o cenário de transmissão fosse outro, as ações poderiam ser outras. Mas está tudo explodido, com um potencial imenso de agravar ainda mais, com justamente esses contatos que podem ocorrer na Páscoa”, afirma Fontes-Dutra.

Para o infectologista Renato Kfouri, a conduta deve ser a mesma e os cuidados devem ser mantidos, sendo Páscoa ou não. Ou seja, as pessoas não devem aglomerar, devem usar máscaras e precisam higienizar as mãos. “Independente da proteção individual da vacina, a pessoa pode se infectar, pode entrar em contato com o vírus, ser uma transmissora do vírus. É importante não aglomerar nesse momento”.

Para a infectologista e diretora da vigilância em Saúde do município de Rio Claro, interior de São Paulo, Suzi Berbert, optar por se reunir com familiares é uma aposta arriscada.

“Não é o momento de fazer uma aposta com a saúde. A possibilidade de pegar o vírus e ter uma evolução ruim pode ser uma exceção, mas não pode ser descartada e, infelizmente, estamos em um momento que não há leitos nos hospitais do estado. Não é prudente se colocar ou colocar as pessoas em risco”, explica Berbert.

 

Ethel Maciel, epidemiologista e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) o Brasil ainda está longe de uma situação de segurança epidemiológica que permita encontros e aglomerações.

“ É muito importante que as pessoas não se aglomerem. A gente ainda não tem segurança epidemiológica e estamos muito longe desse cenário ainda”.

Segundo a especialista, é necessário que o país alcance, no mínimo, o percentual de 70% da população vacinada para que não haja riscos graves para a saúde.

“ Aqui a gente não tem nem o grupo prioritário acima de 60 anos vacinado e ainda nem conseguimos vacinar todos os profissionais de saúde, só temos pouco mais de 8% da população vacinada. Definitivamente, não é o momento para encontros”, afirma Maciel.

 

Fiocruz desaconselha encontros na Páscoa

 

Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) atualizou uma cartilha de recomendações criada para as celebrações do fim do ano passado informando às famílias sobre os riscos de aglomerarem na Páscoa e ressalta: “nenhuma medida é capaz de impedir totalmente a transmissão da Covid-19”.

A principal recomendação é preservar a vida. A cartilha lançada pela instituição na quarta-feira (31) tem uma série de dicas para as famílias aproveitarem o momento com segurança sanitária.

Dicas gerais da cartilha da Fiocruz

O manual vale para quem vai celebrar a data em casa ou em outro local, e que eventualmente estejam expostas a diferentes níveis de contágio.

Traz, ainda, orientações sobre o número de convidados, preparação e serviço dos alimentos, e até quem deve evitar o encontro.

  • Usar máscara sempre que não estiver bebendo ou comendo
  • Ter uma máscara reserva, limpa e seca para o caso de sujar e precisar trocar
  • Evitar aglomerações e manter a distância de, pelo menos, dois metros
  • Dar preferência a locais abertos ou bem ventilados
  • Evitar o uso de ar-condicionado
  • Lavar as mãos com frequência
  • Não compartilhar objetos, como talheres ou copos

Recorde de mortes

O Brasil encerrou março como o mês mais mortal da pandemia, com recorde de mortes desde o ano passado em dois terços do país. Foram 66.868 óbitos só em março.

No último dia 24, o Brasil superou a marca de 300 mil vidas perdidas por Covid-19. Só na quarta-feira (31), foram 3.950 mortes em 24 horas, o pior número até então.

FontePor G1