Até 7h15, os bombeiros não haviam confirmado mortes no local. Também não havia informações sobre quantas pessoas estavam no imóvel na hora do desabamento.
Inicialmente, o Corpo de Bombeiros havia falado em 12 pessoas resgatadas. A informação foi atualizada pelo comandante da corporação, coronel Leandro Monteiro, que confirmou o resgate de apenas três vítimas e que pelo menos outras três – um homem, uma mulher e uma criança – estariam sob escombros aguardando o resgate.
“O que posso afirmar é que estamos em contato direto com uma vítima feminina. O local é de difícil acesso, de risco para os bombeiros – eles estão trabalhando sob os escombros e equipados com equipamento de segurança individual. É um trabalho de muita calma, muita paciência, nossos cães estão nos ajudando bastante. Estamos lidando com informações diferentes a cada momento. Localizamos uma vítima feminina e ela afirma que há mais duas vítimas”, afirmou o comandante dos bombeiros.
Segundo o coronel, seis ambulâncias estão no local e uma aeronave da corporação está próxima. Ao todo, 112 bombeiros estão envolvidos nos trabalhos de busca e resgate.
“A maior dificuldade é conscientizar os moradores dos prédios vizinhos a deixarem suas casas e seguirem para um local seguro”, enfatizou.
A Defesa Civil está no local e os técnicos avaliam os danos que foram causados em outros quatro imóveis, vizinhos ao que desabou – um ao lado direito e três em frente.
Prédio de quatro andares desabou em Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio — Foto: Reprodução / TV Globo
Equipes de três quartéis do Corpo de Bombeiros – Barra da Tijuca, Alto da Boa Vista e Jacarepaguá – trabalham no local à procura de vítimas. Equipes da Assistência Social, Defesa Civil e Guarda Municipal também foram deslocados para a região.
“Foi uma coisa muito rápida”, diz morador que ajudou no socorro em Rio das Pedras
Moradores de imóveis vizinhos disseram que começaram a ouvir estalos por volta de 2h e o imóvel ruiu por volta de 3h20. Também relataram que, após o desabamento, houve um incêndio no local. O fogo foi controlado pelos bombeiros.
Prédio desabou em Rio das Pedras na madrugada desta quinta-feira (3) — Foto: Reprodução / TV Globo
“Eu pensei que era o transformador que tinha estourado, mas não. Depois que todo mundo desceu chorando e gritando aí a gente veio pra rua e viu que o prédio desabou”, contou uma moradora da região que se identificou como Luciana.
Moradores também relataram que um outro imóvel, onde funcionaria uma lan house, foi afetado no momento do desabamento e o estabelecimento estaria lotado de jovens. Uma testemunha, porém, afirmou que todos foram retirados do local sem ferimentos.
Prédio desabou em Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio, na madrugada desta quinta-feira (3) — Foto: Reprodução / TV Globo
Até as 7h30 não havia confirmação e o prédio havia sido construído de forma regular. As circunstâncias do desabamento estão sendo investigadas. Peritos avaliam se outros imóveis vizinhos foram comprometidos.
De acordo com a prefeitura, 75% dos imóveis irregulares demolidos na cidade entre 2019 e 2020 ficavam na Zona Oeste.
Bombeiros atuam no resgate de vítimas de prédio que desabou em Rio das Pedras nesta quinta-feira (3) — Foto: Reprodução / TV Globo
Escombros após desabamento de prédio na Zona Oeste do Rio — Foto: Reprodução / TV Globo
Rio das Pedras é considerado o berço da milícia no país. A região habitada em sua maioria por retirantes nordestinos, ainda nos anos de 1960, se protegeu como pode dos avanços das facções de narcotraficantes que começaram a dominar territórios duas décadas mais tarde.
A região resistiu a guerras sangrentas e viu surgir a falsa proteção de grupos paramilitares que prometiam a tranquilidade que moradores não teriam em favelas onde drogas eram vendidas.
Um dos fundadores da milícia na região foi o inspetor de polícia Félix Tostes. Tostes foi morto em 2007 com mais de 30 tiros. Na época, quem assumiu o comando da miliciana região foi o vereador Josinaldo Francisco da Cruz, o Nadinho de Rio das Pedras, que foi acusado pelo morte de Félix. Nadinho foi assassinado dois anos depois.
Há 2 anos, 24 mortos em desabamento de prédios irregulares
Em abril de 2019, 24 pessoas morreram no desabamento de dois prédios na Muzema, bairro vizinho ao Rio das Pedras, que haviam sido construídos de forma irregular, supostamente por milicianos que atuam na região.
Três homens que haviam sido presos acusados como responsáveis pela tragédia foram soltos pelo Tribunal de Justiça no mês passado. A decisão foi assinada pela juíza Simone de Faria Ferraz, que considerou haver ‘excesso de prazo na custódia’ do trio e determinou que eles aguardem o julgamento em liberdade.
Os três réus são José Bezerra de Lira, Rafael Gomes da Costa e Renato Siqueira Ribeiro. A juíza determinou que eles informem, mensalmente, seus paradeiros à Justiça. Eles também não poderão ter contato com nenhuma das testemunhas do processo.
As investigações apontaram que os três têm envolvimento com milícias. José Bezerra de Lira, conhecido como Zé do Rolo, foi apontado pelos investigadores como o líder do grupo responsável por vender apartamentos nos prédios que caíram.
Zé do Rolo foi preso em setembro de 2019 após ser encontrado no Sertão de Pernambuco, em um sítio na região de Afogados da Ingazeira, no Alto Pajeú.