LISBOA, BERLIM, PARIS e BRUXELAS — Temendo o avanço da Ômicron, Portugal e Alemanha anunciaram novas medidas restritivas para as festas de fim de ano nesta terça-feira, fechando boates e limitando o número de pessoas em reuniões.
Em Portugal, além do fechamento de bares e boates, o governo pediu que a população trabalhe de casa por pelo duas semanas a partir de sábado. Na noite de Ano Novo, as reuniões em espaços abertos serão limitadas a 10 pessoas e será exigido um teste negativo para entradas em restaurantes, cassinos e festas em espaços públicos.
A apresentação de um teste negativo também será exigido para ficar em hotéis e haverá restrições na capacidade de pessoas dentros de lojas. A maioria das medidas seriam aplicadas no início de janeiro, mas o governo decidiu antecipá-las por causa da Ômicron.
— Este ainda não é o Natal normal que estamos acostumados — disse o primeiro-ministro Antonio Costa à imprensa. — Se não adotarmos essas medidas agora, as consequências na vida de todos serão muito piores após o Natal e o Ano Novo.
Portugal tem uma das maiores taxas de vacinação no mundo, com cerca de 89% da população totalmente imunizada, segundo dados do Our World in Data, da Universidade de Oxford. Como o resto do continente, no entanto, o país vem enfrentando um aumento de infecções diárias, em parte por causa da Ômicron que já responda pela metade de novos casos no país. Em 20 de dezembro, a média móvel diária de contaminações foi de 4.464, maior que a taxa de 2.940 três semanas antes.
VARIANTE ÔMICRON RECOLOCA EUROPA NO EPICENTRO DA PANDEMIA, E PAÍSES VOLTAM A DECRETAR LOCKDOWN
Cciclista que trabalhava para uma empresa de entregas viaja em uma estrada vazia no centro de Rotterdam, no primeiro dia do lockdown da Holanda durante o período de Natal para tentar impedir um surto da variante do coronavírus ômicron Foto: MARCO DE SWART / AFPCompanhias marítimas estão fechadas no centro de Amsterdã Foto: RAMON VAN FLYMEN / AFPMulher carrega sacolas de compras no centro de Bratislava.A Eslováquia declarou um lockdown de duas semanas após aumento nos casos de COVID-19, devido à nova variante ômicron Foto: VLADIMIR SIMICEK / AFPTrabalhador remove mesas e cadeiras de sua cervejaria após lockdown em Staudach-Egerndach, Alemanha Foto: MICHAELA REHLE / REUTERSTrabalhadores em trajes de proteção carregam itens para residentes em um complexo fechado após novos casos da COVID-19, no distrito de Zhenhai de Ningbo, província de Zhejiang, China Foto: CHINA DAILY / VIA REUTERS
Policiais verificam o status de vacinação dos compradores na entrada de uma loja, em Viena. Depois que o governo austríaco impôs um bloqueio sobre cerca de dois milhões de pessoas que não estão totalmente vacinadas acabou estendendo o lockdown para todo país Foto: LISI NIESNER / REUTERSNa Holanda, lojas não essenciais devem ser fechadas a partir das 17h Foto: ROBIN VAN LONKHUIJSEN / AFPPlaca avisa que uso de máscara é obrigatório, nas ruas de Marburg, Alemanha Foto: FABIAN BIMMER / REUTERSUm funcionário do Serviço de Saúde Pública da Holanda realiza um teste para Covid-19 em um centro de testes de rua em Haia Foto: RAMON VAN FLYMEN / AFPPaciente infectado com o coronavírus (Covid-19) entubado em unidade de terapia intensiva (UTI) em um hospital das clínicas do estado de Salzburg, Áustria. A Áustria se tornou o primeiro país da UE impor lockdown aos não vacinados em uma tentativa de interromper as crescentes taxas de infecção por vírus – cerca de 12.000 por dia no país de 8,9 milhões Foto: BARBARA GINDL / AFP
Trabalhadora da saúde administra teste de swab em um centro de testagem da Covid-19, em Nice, França Foto: ERIC GAILLARD / REUTERSPessoas fazem fila em um centro de vacinação contra doença coronavírus (COVID-19) em Nice, França Foto: ERIC GAILLARD / REUTERSTurista recebe vacina contra coronavírus em um posto móvel de vacinação instalado pelo Ministério da Saúde de Valência em Benidorm, Espanha Foto: EVA MANEZ / REUTERS
Apesar da média de casos atual ter sido vista pela última vez em fevereiro, as de internações e de mortes têm sido muito mais baixas. Em relação aos óbitos, por exemplo, a média foi de 17 em 20 de dezembro — em fevereiro, o número passou de 200.
Já na Alemanha o governo limitou as reuniões e festas de Ano Novo a 10 pessoas e proibiu público em grandes eventos esportivos a partir de 28 de dezembro. Em caso de reuniões privadas com pessoas não vacinadas, esse limite cai para dois convidados, segundo o chanceler Olaf Scholz.
Boates também serão fechadas em todo o país — medida que algumas regiões mais afetadas pela pandemia, como a Baveira, já haviam adotado.
— Não é hora de celebrar festas e noites com muita gente — disse o chanceler Olaf Scholz, garantindo que “a quinta onda já está em andamento”. — O número de infecções aumentará enormemente nas próximas semanas, devemos nos preparar agora.
O número de casos no país vem diminuindo, apesar de continuar alto. A média móvel diária foi de 36.150 na segunda-feira — três semanas antes tinha chegado a 58.044.
Também nesta terça-feira o governo francês disse que vai aprovar uma lei transformando o passaporte sanitário, que é necessário para exercer algumas profissões e também para ir a cinemas e bares, em um passaporte de vacinação na primeira metade de janeiro.
— A onda que nos espera será alta — disse o porta-voz do governo Gabriel Attal a jornalistas, acrescentando que a variante Ômicron é responsável por 20% das novas infecções no país e está se espalhando rapidamente, especialmente na região de Paris.
A mudança será feita porque o passaporte sanitário inclui testes negativos de Covid, já o passaporte de vacinação é um certificado exclusivo de quem foi imunizado.
Europa: certificado terá validade de nove meses
A Comissão Europeia adotou nesta terça-feira uma série de regras que tornarão o certificado Covid da União Europeia (UE) válido para viagens por nove meses após o término do esquema de vacinação, disse uma autoridade do bloco à Reuters.
As novas regras serão obrigatórias para todos os 27 Estados-membros da UE a partir de 1º de fevereiro, disse a fonte.
A determinação pode ser bloqueada por uma maioria qualificada de governos da UE ou por uma maioria simples de membros do Parlamento Europeu, mas os líderes disseram que há apoio suficiente para que ela seja aprovada.