Bloco já fala em “consequências” caso Israel não aceite uma solução de dois Estados como parte de um tratado de paz abrangente

(Sputnik) – O único processo de paz que a União Europeia considera aceitável na Faixa de Gaza é a solução de dois Estados apoiada pela ONU, mas Israel é bem-vindo para participar da discussão, disse o chefe da política externa da UE, Josep Borrell, nesta segunda-feira (22).
O Conselho de Assuntos Exteriores da União Europeia está se reunindo em Bruxelas para discutir a situação no Oriente Médio, incluindo os desenvolvimentos no terreno e em toda a região, as condições humanitárias deteriorantes na Faixa de Gaza, bem como a necessidade de prevenir a expansão do conflito e os possíveis termos da futura paz.
“Eu acho que temos que parar de falar sobre o processo de paz e começar a falar mais concretamente sobre o processo da solução de dois Estados. Porque ‘paz’ — que tipo de paz você está falando? Então vamos falar sobre o que queremos fazer, e o que queremos fazer é construir uma solução de dois Estados. A maneira de nomeá-la é importante. Então, a partir de agora, não vou falar sobre o processo de paz, mas vou falar sobre o processo da solução de dois estados,” disse Borrell a jornalistas antes do conselho.
O diplomata disse que Israel era bem-vindo para se envolver com a UE e delinear sua própria visão da futura paz.
“Se eles não concordam [israelenses com a solução de dois Estados], temos que discutir. É por isso que estamos aqui, temos que discutir mesmo que discordem. Eles têm que vir aqui e discutirão conosco e estudaremos qual solução eles têm em mente,” disse Borrell.
Ao mesmo tempo, ele criticou a maneira como Israel estava lutando em Gaza até agora, apontando para o alto número de mortes civis e argumentando que isso estava “semeando o ódio por gerações.”
Borrell também disse que o foco atual do conselho nos desenvolvimentos no Oriente Médio não estava afetando seu apoio à Ucrânia.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, tem frustrado seus aliados na Europa e nos Estados Unidos ao rejeitar repetidamente a chamada solução de dois Estados que busca criar um Estado palestino independente na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Ele usou as redes sociais no sábado para reiterar que Israel precisava ter controle total de segurança sobre os territórios a oeste do rio Jordão, o que, segundo ele, exclui a soberania palestina.
A UE supostamente planeja apresentar um roteiro de paz de 10 pontos e buscar o apoio dos EUA e do mundo árabe. A iniciativa, cujas partes foram citadas pela Euractiv no sábado, delineia uma série de etapas que levam a estados israelenses e palestinos “vivendo lado a lado”, bem como “garantias de segurança robustas” para ambos os povos e uma “normalização completa” dos laços entre Israel e seus vizinhos árabes.
“CONSEQUÊNCIAS” – Os ministros das Relações Exteriores da UE, reunidos em Bruxelas na segunda-feira, também discutirão as “consequências” para Israel, enquanto pretendem persuadir o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a abandonar a sua oposição à criação de um Estado palestino.
Um documento distribuído por Bruxelas aos Estados-membros antes da reunião sugere que estes deveriam “declarar as consequências que pretendem atribuir ao envolvimento ou não envolvimento” com o plano de paz da UE para o Médio Oriente, informou o Financial Times.
Questionado sobre a natureza dessas consequências, um alto funcionário da UE citou benefícios comerciais e de investimento preferenciais que a UE oferece actualmente a Israel ao abrigo do seu pacto de associação.