Irlanda: rejeição da solução de dois Estados por Netanyahu é “inaceitável”

Chanceler irlandês afirmou que a grande maioria do mundo deseja uma solução de dois Estados, enquanto o regime israelense de extrema direita rejeita qualquer discussão

Bandeira da Irlanda
Bandeira da Irlanda (Foto: Reuters)

(Sputnik) – A rejeição pública da solução de dois Estados para o conflito israelo-palestino pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, é “inaceitável” e não “contribui de forma alguma para as perspectivas de paz” no Oriente Médio, disse nesta segunda-feira (22) o ministro das Relações Exteriores e da Defesa da Irlanda, Micheal Martin.

Netanyahu, em várias ocasiões, se manifestou contra a solução de dois Estados que busca criar um Estado palestino independente na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. No sábado, o primeiro-ministro israelense, em particular, usou as redes sociais para reiterar que seu país não “comprometeria o controle total de segurança” sobre todo o território a oeste do rio Jordão, o que ele admitiu ser “contrário a um Estado palestino”.

“Esses comentários do primeiro-ministro Netanyahu são inaceitáveis e não contribuem de forma alguma para as perspectivas de paz, e eu diria ao primeiro-ministro Netanyahu que ele precisa ouvir a grande maioria do mundo, que quer paz, que quer a solução de dois Estados, com base na ideia de que uma solução de dois Estados é a garantia de segurança definitiva para Israel”, disse Martin em uma entrevista antes da reunião do Conselho de Assuntos Exteriores da União Europeia, em Bruxelas.

Durante a próxima reunião, espera-se que os principais diplomatas da UE discutam a situação no Oriente Médio e a crise humanitária na Faixa de Gaza, entre outros assuntos. O jornal Financial Times noticiou no fim de semana passado, citando um documento circulado por Bruxelas, que a reunião dos ministros das Relações Exteriores da UE também revisaria possíveis “consequências” para Israel por sua recusa em aceitar a solução de dois Estados.

Em 7 de outubro de 2023, o movimento palestino Hamas lançou um grande ataque com foguetes contra Israel a partir da Faixa de Gaza, enquanto seus combatentes atravessavam a fronteira, atirando em militares e civis. Como resultado, mais de 1.200 pessoas em Israel foram mortas e cerca de 240 outras sequestradas. Israel lançou ataques retaliatórios, ordenou um bloqueio completo de Gaza e iniciou uma incursão terrestre no enclave palestino com o objetivo declarado de eliminar combatentes do Hamas e resgatar os reféns. Mais de 25.100 pessoas foram mortas em Gaza como resultado dos ataques israelenses, disseram as autoridades locais.

Em 24 de novembro, o Catar mediou um acordo entre Israel e o Hamas sobre uma trégua temporária e a troca de alguns dos prisioneiros e reféns, bem como a entrega de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. O cessar-fogo foi prorrogado várias vezes e expirou em 1º de dezembro.

Os palestinos buscam há muito tempo o reconhecimento diplomático de seu Estado independente nos territórios da Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, parcialmente ocupada por Israel, e na Faixa de Gaza. O governo israelense se recusa a reconhecer a Palestina como uma entidade política e diplomática independente e constrói assentamentos nas áreas ocupadas apesar das objeções da ONU.

FonteReuters