Rigoroso, feliz e desfrutando: os bastidores da grande fase de Cristiano Ronaldo, artilheiro do mundo em 2023

Por 

Vitor Seta

 

A curta carreira de um jogador de futebol comum costuma se encaminhar para o seu fim na faixa dos 35 anos. Outros se aposentam até mais cedo, como fez o talentoso Eden Hazard, aos 32, no último dia 10. Mas Cristiano Ronaldo não é um jogador comum: a menos de quatro meses de completar 39 anos, o atacante vive um dos melhores anos da carreira. Hoje vestindo a camisa do Al-Nassr, é o artilheiro do mundo em 2023.

São 43 gols e dez assistências em 45 jogos. Mais gols marcados no ano que nomes como Haaland, Mbappé e Harry Kane, trio que balançou as redes na última rodada da Liga dos Campeões da Europa, competição que o português é o artilheiro histórico: 140 gols.

Em sua segunda temporada fora do futebol europeu, na Arábia Saudita, marcou seus gols pela liga e por Champions da Ásia, Supercopa, Copa dos Campeões Árabes e Copa do Rei. Na seleção de Portugal, espantou os rumores de aposentadoria após a dramática eliminação na Copa do Catar e segue firme e forte como nome importante do elenco de Roberto Martínez. São nove gols em sete jogos este ano.

Os números de Cristiano Ronaldo — Foto: Editoria de Arte
Os números de Cristiano Ronaldo — Foto: Editoria de Arte

— Ele é o maior exemplo de sucesso mundial em nível de rigor, trabalho e disciplina. Um exemplo para todos. Acha que eu preciso cobrar dele? Não preciso, Cristiano não precisa, isso ele mesmo faz. Nos dá rigor, disciplina, máxima exigência. Quer ganhar sempre, brilhar para o mundo. Queremos conquistar títulos. Se jogarmos dois, queremos os dois. Se forem três, queremos os os três. Nunca será diferente com ele — diz Luís Castro, ex-treinador do Botafogo e o seu atual comandante no Al-Nassr.

Gol 1.000 de Cristiano Ronaldo é possível?

 

Cristiano chegou ao futebol árabe poucos meses antes da intensa movimentação de estrelas do futebol mundial rumo ao país. Mesmo depois dessa transformação, é o artilheiro da atual edição da Saudi Pro League, com 11 gols, à frente de nomes com Mitrovic, Malcom, Benzema e colega de times como Talisca e Sadio Mané.

É o quinto ano na carreira de Cristiano em que ele marca pelo menos 40 gols. Em outros três, ultrapassou os 50. Dos 60, passou três vezes: de 2011 a 2013, todas as vezes com a camisa do Real Madrid. O desempenho já faz o atacante sonhar com o gol oficial número 900 na carreira. Até aqui, foram 862 em 1192.

Mas CR7 já falou até em tentar os mil gols oficiais, um feito que exigiria alguns anos a mais de carreira.

— O presidente do Porto me fez um desafio de chegar aos mil gols. Eu acho que vai ser difícil, mas é como eu disse, é ver como estarei mentalmente, a minha motivação. Pequenas etapas me motivam, mas quero chegar primeiro aos 900 — afirmou o craque após marcar duas vezes sobre a Eslováquia, pelas Eliminatórias da Euro-2024,no último dia 14.

Luís Castro, que considera o fator mental o mais importante, diz que CR7 está feliz e dedicado ao trabalho. “Conhece o caminho para o estádio, para o treino, para o campo, para o gol, para ser feliz”, diz.

Castro e Cristiano após o título da Copa dos Campeões Árabes, em agosto — Foto: Twitter/Al-Nassr
Castro e Cristiano após o título da Copa dos Campeões Árabes, em agosto — Foto: Twitter/Al-Nassr

— O rendimento tem quatro dimensões: tático, técnico, físico e psicológico. O mais importante para mim é o psicológico, o mental. O jogador pode ser bom tecnicamente e fisicamente, mas se não está bem em ânimo, não se se sentirá feliz, não vai encontrar espaços, não verá o jogo, o mundo que existe em um campo de futebol. Cristiano está passando por um momento muito feliz, sente que está passando por um bom momento da carreira, desfrutando. Falo um pouco por ele, peço perdão de antemão. Está consciente que vive os últimos momentos da carreira. Por isso, nada melhor que desfrutar. Os últimos momentos são muitas vezes o que ficam até o fim da vida. Vale ganhar Bola de Ouro, ser melhor do mundo, artilheiro da Champions, campeão da Euro. Tudo isso ficará com ele, mas os últimos momentos ficam de forma especial. Me dá (a oportunidade) de treinar um jogador que, em que pese a sua idade, desfruta do futebol, dos treinamentos, de seus companheiros. É uma referência para eles — encerra Castro.

FonteGE