República Democrática do Congo anuncia fim de surto de ebola

O Ministério da Saúde da República Democrática do Congo (RDC), na África Central, anunciou, nesta segunda-feira (3), o fim do surto de ebola que começou em fevereiro no país. Ao todo, 12 casos foram detectados: 6 pessoas morreram e 6 se recuperaram. O surto foi o 12º a atingir o território congolês – o quarto em menos de 3 anos.

O anúncio do fim do surto foi repercutido pelo escritório da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a região africana, que responde por 47 dos 54 países do continente.

“O último surto de ebola na República Democrática do Congo foi declarado encerrado após apenas 3 meses”, publicou o escritório regional da OMS na África em sua conta na rede social Twitter.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, elogiou as equipes de saúde do país pelo fim do surto.

“A declaração de hoje sobre o fim do último surto de ebola na República Democrática do Congo é uma prova do profissionalismo, sacrifícios e colaboração de centenas de verdadeiros heróis da saúde, em particular os congoleses”, disse Tedros.

 

“A Organização Mundial de Saúde está empenhada em ajudar as autoridades nacionais e locais, e o povo de Kivu do Norte, a prevenir o retorno deste vírus mortal e a promover a saúde geral e o bem-estar de todas as comunidades em risco”, declarou o diretor.

O vírus do ebola é transmitido às pessoas a partir de animais selvagens e se espalha na população humana por meio da transmissão de pessoa para pessoa. A taxa média de letalidade é de cerca de 50% – o que significa que, a cada 10 pessoas infectadas, geralmente 5 morrem.

Vacinas já foram desenvolvidas e têm sido usadas para ajudar a controlar a propagação de surtos. O tratamento é de suporte e com hidratação.

Surto

 

O primeiro caso da doença na República Democrática do Congo foi detectado em fevereiro, na cidade de Butembo, província de Kivu do Norte (veja mapa mais abaixo). A cidade fica a cerca de 150 km da fronteira com Uganda e havia preocupações sobre a potencial propagação do surto pela fronteira.

“No entanto, devido à resposta eficaz, o surto ficou limitado à província de Kivu do Norte”, anunciou a OMS.

 

Ebola na República Democrática do Congo: 12º surto começou em fevereiro na província de Kivu do Norte — Foto: G1

Ebola na República Democrática do Congo: 12º surto começou em fevereiro na província de Kivu do Norte — Foto: G1

“Parabéns às autoridades de saúde, profissionais de saúde e comunidades por este esforço”, disse a OMS regional.

Os resultados do sequenciamento do genoma conduzido pelo Instituto Nacional de Pesquisa Biomédica do país descobriram que o primeiro caso de ebola deste surto estava relacionado a um surgimento anterior, do ano passado, mas a fonte da infecção ainda não foi determinada.

“Grande crédito deve ser dado aos profissionais de saúde locais e às autoridades nacionais por sua pronta resposta, tenacidade, experiência e trabalho árduo que controlaram este surto”, disse Matshidiso Moeti, diretora regional da OMS para a África.

 

Equipe da Organização Mundial de Saúde (OMS) trabalha durante surto de ebola na República Democrática do Congo. — Foto: OMS

Equipe da Organização Mundial de Saúde (OMS) trabalha durante surto de ebola na República Democrática do Congo. — Foto: OMS

“Embora o surto tenha terminado, devemos ficar alertas para um possível ressurgimento e, ao mesmo tempo, usar a crescente experiência em resposta a emergências para lidar com outras ameaças à saúde que o país enfrenta”, acrescentou a diretora.

Assim que o surto foi declarado, a OMS ajudou profissionais locais a rastrear contatos, fornecer tratamento, envolver as comunidades e vacinar cerca de 2 mil pessoas em alto risco, incluindo mais de 500 trabalhadores da linha de frente.

Profissional de saúde aplica vacina contra o ebola na República Democrática do Congo — Foto: OMS

Profissional de saúde aplica vacina contra o ebola na República Democrática do Congo — Foto: OMS

A entidade afirmou que a resposta foi frequentemente prejudicada pela insegurança causada por grupos armados e distúrbios sociais, que por vezes limitavam o movimento dos especialistas. A área onde ocorreu o surto tem grande trânsito de pessoas fazendo negócios ou visitando familiares e amigos, informou a OMS.

Apesar do fim deste surgimento, a entidade alertou que “surtos potenciais são possíveis nos próximos meses”.

“É importante continuar com a vigilância sustentada da doença, monitorando os alertas e trabalhando com as comunidades para detectar e responder rapidamente a quaisquer novos casos, e a OMS continuará a ajudar as autoridades de saúde em seus esforços para conter rapidamente o ressurgimento repentino do ebola”, disse a organização.

Profissionais de saúde ajustam equipamentos de proteção durante funeral de uma pessoa com suspeita de ter morrido de ebola em Beni, na província de Kivu do Norte, na República Democrática do Congo, em 9 de dezembro de 2018. — Foto: Goran Tomasevic/Arquivo/Reuters

Profissionais de saúde ajustam equipamentos de proteção durante funeral de uma pessoa com suspeita de ter morrido de ebola em Beni, na província de Kivu do Norte, na República Democrática do Congo, em 9 de dezembro de 2018. — Foto: Goran Tomasevic/Arquivo/Reuters

Além do ebola, a RDC também enfrenta – com um sistema de saúde considerado fraco pela OMS – surtos de sarampo e cólera e a pandemia de Covid-19. Segundo monitoramento da entidade, 768 pessoas já morreram de Covid no país.

O último surto de ebola antes deste a atingir a RDC foi no ano passado – quando casos surgiram em Kivu do Norte e em Équateur, no oeste do território congolês.

A província de Kivu do Norte – junto com as de Kivu do Sul e Ituri – também foi o local do 10º surto de ebola na República Democrática do Congo, que ocorreu entre agosto de 2018 e junho de 2020. Na época, 3.470 casos foram registrados e 2.287 pessoas morreram. Foi o maior surto da doença na história congolesa.