Renato relembra 2011 e vê Gabigol na cola por seus recordes

Faz tempo, quase dez anos, mas o roteiro da última vitória do Flamengo sobre o São Paulo no Morumbi foi daqueles para cineasta nenhum botar defeito. E para o torcedor testar o coração!

Precisando encerrar o jejum que vem desde 2011 para conquistar o Brasileirão, quinta-feira, os cariocas relembram o passado em um duelo com Rogério Ceni como protagonista, festa preparada com volta de Luís Fabiano e gol de Renato Abreu no finzinho para dar os três pontos ao rubro-negro.

Renato Abreu comemora gol no São Paulo em 2011 — Foto: Reprodução TV Globo

Renato Abreu comemora gol no São Paulo em 2011 — Foto: Reprodução TV Globo

Herói na ocasião com um chute de muito longe desviado por Carlinhos Paraíba, aos 39 do segundo tempo, Renato bateu um papo com o ge e se surpreendeu com o longo período sem vitórias do Flamengo no estádio Cícero Pompeu de Toledo. Desde aquele domingo chuvoso de 2 de outubro de 2011, foram três derrotas e quatro empates com o São Paulo em seus domínios (além de dois empates contra Santos e Figueirense no mesmo local).

“É uma surpresa para mim. Dez anos sem vencer o São Paulo no Morumbi é uma grande surpresa. O Flamengo sempre montou grandes times, grandes elencos, para ganhar de times grandes independentemente de onde jogar. É marcante para mim relembrar”

– Foi um jogo difícil, tivemos a sorte do time deles ter um jogador expulso e começamos a tomar conta. O Rogério Ceni foi fantástico, brilhante em algumas defesas. Cabeceio do Deivid, do Thiago Neves…

Vivendo nos Estados Unidos com a família, Renato Abreu mostrou que está bem de memória. Aos 42 anos, o Urubu-Rei, como era conhecido na época de Flamengo, lembrou das expulsões de Lucas e Willians, do desvio de Carlinhos Paraíba no lance do seu gol, e até mesmo da irritação com o time, que o fez não comemorar muito, apesar do abraço caloroso de Ronaldinho Gaúcho.

Renato Abreu no jogo contra o São Paulo em 2011. Jogo marcou volta de Luís Fabiano — Foto: Marcos Ribolli/GLOBOESPORTE.COM

Renato Abreu no jogo contra o São Paulo em 2011. Jogo marcou volta de Luís Fabiano — Foto: Marcos Ribolli/GLOBOESPORTE.COM

– Saímos na frente, o Dagoberto acertou um chute espetacular. No final do jogo, veio aquela bomba santa que não foi tão grande, mas foi atrapalhada pelo Carlinhos e entrou no fundo da rede. O detalhe é tivemos uma discussão muito grande naquele jogo, em termos táticos nosso time não estava conseguindo produzir o que o Vanderlei pedia, fiquei muito chateado. Tanto que na comemoração acabei saindo bravo, nem saí na comemoração normal como urubu-rei, mas feliz pelo resultado.

Ironicamente, o reencontro com o São Paulo faz com que Renato Abreu torça ainda para que Gabigol ultrapasse duas de suas principais marcas com camisa do Flamengo. Caso balance as redes no Morumbi, o camisa 9 igualará o ex-meia em terceiro lugar na artilharia histórica do clube no Brasileirão (40 x 39), além de estar a três gols do posto de artilheiro do Século (73 x 70).

Renato Abreu x Gabigol no Flamengo

  • Artilharia do Século: 73 x 70
  • Gols no Brasileirão: 40 x 39

– Não é uma surpresa se ele bater, né?! É a função maior do artilheiro, do jogador de frente, que é bater metas e fazer os gols. Ele faz muitos gols, os jogadores que jogam atrás proporcionam isso, e fico feliz. Tive a oportunidade de jogar com ele no Santos, conheci muito bem, tínhamos uma brincadeira sadia… Claro que a minha marca representa muito para mim. Foram momentos difíceis que passamos e, graças a Deus, fiz algumas coisas boas no clube. Essa foi uma.

“Ficaria mais chateado se fosse um volante passando essa marca, mas como é jogador de frente, fico tranquilo. Desejo sorte ao Gabriel para que ele passe e fique na história. Porque o Flamengo não pode ter um jogador de meio-campo como goleador, e, sim, um atacante”

Em longo bate-papo com o ge, Renato Abreu falou ainda do jejum do Flamengo em gols de faltas, sua especialidade, do reencontro de Rogério Ceni com o Morumbi e da expectativa de título do clube onde disputou 271 jogos e foi campeão quatro vezes: duas Copas do Brasil (2006 e 2013) e dois Cariocas (2007 e 2011). Confira:

Ceni x São Paulo

– É uma coincidência muito grande. Não sei se é felizmente ou infelizmente, mas tudo que está acontecendo na vida dele tem um propósito. Ele trabalhou a vida inteira no São Paulo, tem uma grande gratidão, conquistou tudo no clube e agora tem a coincidência de disputar um título com outro time onde foi sua casa por muitos anos.

Renato Abreu foi o principal jogador no título da Copa do Brasil de 2006 — Foto: Agência Estado

Renato Abreu foi o principal jogador no título da Copa do Brasil de 2006 — Foto: Agência Estado

Título no Morumbi?

– Acredito que o que se planta, se colhe. O Flamengo vem em um bom momento, o Rogério foi eliminado pelo São Paulo na Copa do Brasil duas vezes… São coincidências. Foi um grande goleiro, fez muitos gols pelo São Paulo, e vai ser um jogo difícil. O São Paulo não tem muito mais o que brigar, mas aí entra a rivalidade. Tive a oportunidade de fazer o gol na última vitória. Tive alguns confrontos pessoais contra o Rogério pelo Corinthians, fui feliz em alguns, e com certeza vai ser um grande duelo para entrar para história.

Dois anos e meio sem gol de falta no Flamengo

– Quem sabe acaba o tabu, né?! São dois anos e meio sem fazer gol de falta. Acho que é muito para um time que tem a bola parada com grandes batedores. Costumo dizer que hoje o Flamengo não precisa de bola parada para fazer gol, tem muitas estratégias e isso fica em segundo plano. Mas o torcedor sempre pede, sempre relembra um gol de falta. Para mim, eram momentos brilhantes pela minha dedicação nos treinamentos. Mas os tabus estão aí para serem quebrados.

Torcida direto dos EUA

– A torcida é sempre grande pelos clubes que passei. Meu carinho, minha atenção, minha gratidão… Estou nos EUA pela busca de uma qualidade de vida um pouco melhor, mas meu pensamento no clube, nas pessoas, no dia a dia, e sempre torcendo pelo melhor. O Flamengo hoje, graças a Deus, consegue se pagar, tem grandes jogadores, tem uma estrutura de excelência, merece tudo que está vivendo. O torcedor passou muitos anos triste, cabisbaixo, é um torcedor apaixonado, que merecia coisa melhor e conseguiu. É um clube que dá gosto de torcer, de comprar a camisa. É uma potência enorme e estou aqui sempre na lembrança e torcendo.

FontePor Cahê Mota — Rio de Janeiro