No caso desta testemunha, a delegada conta que uma amiga dela também contou que “levou um susto” quando viu a notícia das mortes, principalmente, porque o policial dizia ser divorciado. “Isso é algo comum entre todas as testemunhas: nenhuma sabia que ele era casado e, quando uma delas descobriu, o questiono. Ele teria respondido que apenas estava morando na mesma casa que a esposa”, ressaltou Cogo.
No caso do possível relacionamento entre Regianni Araújo, de 32 anos, e o corretor de imóveis Fernando Enrique Freitas, de 31 anos, a policial apontou que não existem provas concretas. “Não ficou provado. Nós fizemos buscas e conversamos, inclusive, com amigas muito próximas dela, que sabiam da intimidade. Elas não sabiam de nada e nós então não podemos afirmar se aconteceu com certeza ou não. É por isso que, a todo momento, o Fernando está sendo tratado como suposto amante”, ressaltou a delegada.
Conforme a delegada, as testemunhas prestaram depoimento após ela fazer a oitiva com o próprio Lúcio. “Na ocasião ele disse que convivia com a Regianni desde 2007 e afirmou que não teve outras mulheres. Quando questionado sobre o relacionamento, apenas respondeu que era normal como outro qualquer. Falou também que, quando tinham discussões verbais, resolviam na conversa. Ele foi categórico neste sentido”.
Mãe da vítima disse que policial possui histórico de violência e até ela teria sido agredida
No entanto, entre as dezenas de testemunhas ouvidas, a polícia também conversou com a mãe de Regianni. “Temos nos autos a denúncia da mãe dela. No ano de 2012, enquanto Regianni trabalhava como assistente administrativo em um posto de combustível da cidade, ele teria a agredido após uma crise de ciúme. A mãe fala que, na época, o casal morava com ela e que Lúcio teria batido muito na esposa por conta de ciúmes um colega de trabalho. Ao tentar intervir, a mãe também fala que foi jogada na parede, só que não houve denúncia”, comentou a delegada.
Sobre o crime, além de apontar que o policial demorou 3 minutos para ir de uma casa a outra, a perícia também analisou imagens de câmeras de segurança e apontou que o assassinato da Regianni demorou 33 segundos para cometer o crime. “É o tempo em que ele atira, pega a chave do carro do pai dele e, segundo a testemunha, aponta a arma para a vítima e conversa com ela. No diálogo ela fala: você tá doido? E ele responde: Tô doido, matei o Fernando e agora vou te matar também. Em seguida, ele atira e sai”, detalha a delegada.
O advogado de Lúcio, José Roberto Rodrigues da Rosa, afirmou que não teve acesso a todo o inquérito. “Esta parte dos autos não me foi franqueada, eu ainda não tive acesso a estes depoimentos, somente os da família. Hoje pela manhã estou em Ponta Porã e devo retornar durante a tarde em Campo Grande. Vou pedir para minha equipe fazer uma diligência e depois dou um novo retorno”, finalizou.
Lúcio assassinou a mulher Regianni Araujo e o corretor de imóveis Fernando Enrique Freitas, no dia 5 de outubro deste ano, em Paranaíba. De acordo com a Polícia Civil, ele cometeu o duplo homicídio após descobrir um suposto relacionamento entre os dois.
“As informações que temos é que o Lúcio teria recebido prints de conversas que mostrariam esse relacionamento entre o Fernando e a Regianni. Diante delas, ele foi armado até a casa do corretor de imóveis, passou por um grupo de pessoas que estava na calçada, entrou na residência e assassinou Fernando a tiros”, informou na ocasião a delegada.
Ainda segundo a polícia, após assassinar o homem, Lúcio pegou o carro, foi até a casa da família e matou a mulher também a tiros em frente ao próprio pai. “Como a cidade é pequena os crimes foram cometidos com uma distância de tempo muito pequena. Ele matou o Fernando e minutos depois a mulher”, explicou também na ocasião.