Guerras, não resta dúvida, em termos de crueldade, ultrapassam os limites da razão. Representam a confissão de um fracasso anunciado
A crueldade em nossa época, no entanto, não se detém aí. Sabe-se como as guerras se esmeram em hostilizar, massacrar e sacrificar indivíduos das mais diversas formas. O Oriente Médio e a situação da Palestina saltam aos olhos. Israel não poderia ter chegado a tanto, em suas lutas pela extinção, isto mesmo: extinção, dos palestinos, sem fabricar e preparar o ódio há décadas, até o estágio atual no qual não cede diante de nada. Mulheres, velhos e crianças permanecem na mira de suas pontarias na Faixa de Gaza, em escolas, universidades e hospitais, como se o morticínio houvesse, finalmente, ganho sobre todas as outras considerações de ordem moral.
Num trabalho de diplomacia perversa, a CONIB, Confederação Israelita do Brasil, dentro de uma estratégia de obter apoio para a política posta em prática pelo exército israelense, entendeu que seria interessante um convite pera nossos juristas de cortes superiores (STF e STJ) para que visitem Israel. Trata-se de uma hipótese bizarra, uma vez que nossos juristas fariam turismo em cenário de destruição, para que venham a apoiá-lo se possível na tarefa de exterminar os inimigos onde estiverem instalados. Se não se trata disso, de que se trata, então? Visitar templos religiosos? Frequentar bares e boates? Ver as tropas marchando em direção aos campos de batalha? Mesmo quem gosta de turismo peculiar, deve achar estranho o objetivo de tal convite, assustando-se, quem sabe, com medo de uma bala ou um míssil na cabeça para nunca mais regressar ao seu país. Afinal, vivemos, neste momento, numa parte aceitável do planeta. Não lutamos contra maremotos ou vulcões. Nossos inimigos representam partidos políticos de extrema direita ainda não a ponto de resolver conflitos por meio de forças armadas. Convivemos com problemas, sim. E procuramos contorná-los corrigindo anos de abandono contra uma pobreza endêmica e, com algum auxílio do governo, disposta a transitar por novas esferas do conforto social.
Guerras, não resta dúvida, em termos de crueldade, ultrapassam os limites da razão. Representam a confissão de um fracasso anunciado, desde as primeiras diatribes, os primeiros projéteis atirados num civil. Levando tais argumentos em consideração, criou-se a Convenção de Genebra para impedir que as violências transbordem. Devíamos reler os textos da Convenção e, se possível aperfeiçoá-los em vez de ignorá-los e entrar na tirania da dor como se fosse uma coisa boa.