Mancini vê críticas justas e diz que vai formar novo time no Corinthians: “Ninguém satisfeito”

Técnico do Corinthians, Vagner Mancini analisou o empate em 1 a 1 com o São Bento, nesta sexta-feira, na Neo Química Arena. O treinador reconheceu mais um jogo abaixo da média de sua equipe e deixou claro que planeja a formação de um novo time titular para a estreia na Copa Sul-Americana, quinta-feira que vem, contra o River Plate, do Paraguai.

Para ele, as críticas que vem recebendo da torcida nas redes sociais são justas.

– Eu acho que são justas, a partir do momento que a equipe não vem jogando bem, você perde fora com dois erros individuais e empata em casa, é natural que a torcida esteja chateada, mas a divisão de responsabilidades tem de acontecer. Essa pressão chega, todo mundo sabe disso. Mas maior é a nossa pressão, a pressão interna. Não é porque não temos torcida no estádio que não tem pressão. Tem cobrança. Os meninos que saíram hoje foram cobrados, assim como os mais experientes. A gente não vive num mar de rosas – ponderou.

– Conhecemos a profissão, cobrança é importante, mas temos de entender. É um momento diferente, de pandemia, com quatro jogos em oito dias. O torcedor quer ver o time ganhando, nós queremos dar para ele alegria, prazer e orgulho de ver a equipe jogando. Às vezes a gente consegue, às vezes não. Não vamos deixar de trabalhar. Estamos cobrando, nós somos cobrados, há um comando em cima dos jogadores, ninguém ficou satisfeito com o jogo de hoje, com a derrota em Araraquara. Temos de parar, ver onde estamos errando para ser mais competitivo e devolver ao torcedor aquele orgulho que quer ter, quer ver o Corinthians vencendo.

Vagner Mancini em Corinthians x São Bento — Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Vagner Mancini em Corinthians x São Bento — Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Mancini viu dois tempos diferentes no duelo válido pelo Paulistão, lamentou a partida ruim dos garotos Rodrigo Varanda, Cauê e Vitinho, e ponderou que neste domingo, contra o Ituano, o Timão terá um time reserva para fazer jus ao rodízio do elenco que vem sendo implementado por ele diante da maratona.

– Não tenha dúvida da lista de problemas e erros. Estamos atentos. No começo do jogo, faltou concentração. Não podemos tomar o gol do jeito que foi, saindo atrás do meio-campo e chegando na frente da área. São erros que quando são vistos no futebol você agrega à falta de concentração. Espaço dado. Vi outras coisas: erros de passes, atletas simplificando muito o tipo de jogo, até por falta de confiança. O mais importante é readquirir a convicção, confiança para executar o que sabemos fazer. Vi dois tempos diferentes. No primeiro, mais espaço para jogar. Na segunda etapa, menos espaço. São Bento se fechou, dificultou a entrada da bola. Mas no primeiro tempo, tivemos atletas abaixo do que podem render. Empatamos com chance de virar, mas não tivemos futebol para virar – analisou o treinador.

Muitos desses problemas passaram pela atuação ruim do trio de jogadores da base Rodrigo Varanda, Vitinho e Cauê. Os três foram sacados no intervalo, e o Corinthians passou a jogar melhor. Para Mancini, é algo natural no processo de adaptação dos novos jogadores.

– Destes meninos, o Varanda foi o que teve sequência maior de jogos, também não gostei da atuação deles, em cima da partida, lavamos um gol cedo, tivemos que nos expor mais, arriscar, chegar na área e entrar numa zona de campo apertada, onde tem a tendência de errar mais, com um adversário mais fechado, que proporciona mais erros. Isso foi decisivo. Rodrigo, Cauê e Vitinho não fizeram bom jogo, erraram lances bobos, mas faz parte do amadurecimento. Estou aqui para colocar e tirar dentro do que achamos mais certo – disse.

– Não pode deixar de usar os meninos, são patrimônio, estão sendo formados, mas tenho que saber o momento de tirá-los, pois vivenciam coisas diferentes e às vezes não estão prontos ainda para isso. Uma coisa é estar ganhando um jogo em casa e a outra é estar perdendo. Embora não tenha torcida, que daria pressão maior, é importante que se habituem. A gente não esperava, mas estamos sujeitos a acontecer. Tirei os três, botei atletas mais acostumados com esse tipo de jogo para a gente virar. Empatamos. Que sirva de aprendizado para eles – completou o técnico.

Vitinho foi um dos garotos titulares em Corinthians x São Bento — Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians

Vitinho foi um dos garotos titulares em Corinthians x São Bento — Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians

Novo time

Uma das frustrações do torcedor corintiano foi ver o time reserva atuando melhor do que o titular, mas saindo derrotado de campo, como foi no jogo passado, contra a Ferroviária. Partindo disso, o treinador pretende mesclar os times A e B para a estreia na Copa Sul-Americana.

– Temos ainda um jogo domingo para o jogo da Sul-Americana. Estamos analisando tudo e queremos ter um time titular na quinta diante do que foi mostrado em campo. É a maneira mais justa, em cima da produção, para definir o melhor time no momento, não quer dizer que será o time da temporada. Mas aí vamos avaliar os últimos quatro jogos – projetou.

O Corinthians estreia na Sul-Americana contra o River Plate, do Paraguai, fora de casa, na próxima quinta-feira. Antes disso, terá o Ituano pela frente, neste domingo, às 22h, na Neo Química Arena, pela sexta rodada do Paulistão.

– O time titular vai ser escolhido. Óbvio que quando vê linha defensiva atuando, gera expectativa que esse seja o time que vai jogar a maior parte. Mas não é bem assim. Mesclei duas equipes, o time vai ser escolhido a partir do início da Sul-Americana. Hoje, não posso falar quem vai ser titular e quem é reserva. Contra a Ferroviária, fomos bem no primeiro tempo e caímos no segundo. Hoje, começamos lentos, melhoramos no segundo, mas longe ainda de uma boa atuação. Claro que incomoda, temos que ter mais concentração, ser uma equipe convicta do que quer na parte tática e técnica. O Corinthians jogou hoje muito abaixo do que poderia fazer.

Veja outros pontos da entrevista coletiva de Vagner Mancini:

Garotos abaixo do esperado
– Não tenha dúvida, o rodízio é uma necessidade, nenhum atleta conseguiria entrar em 4 jogos com 8 dias, temos de equilibrar o tempo de cada um em campo, não podemos jogar fora um planejamento com o que estamos vendo em campo. É necessário calma, queremos vencer todas, mas nem sempre é possível. Tem outro time que luta e joga. Temos de respeitar o tempo de cada um para não perder jogadores por lesões. Imposição faltou, era um parto pressionar desde cedo, não dar espaço, levamos um gol cedo, o que joga pressão nos mais jovens, começa um jogo de toques laterais você para de ser agressivo, não incomoda e não tem a imposição. No primeiro tempo, embora tivéssemos espaços nas laterais, não tivemos a calma necessária para agredir o são bento e proporcionar situações de gols. Foram poucas pelo espaço que tivemos.

Camacho e Xavier fora da lista de relacionados
– Não tem ninguém atrás de ninguém, sabíamos que teríamos quatro jogos em oito dias. Um time fará dois jogos e outro também para na Sul-Americana escolher o melhor time, mais tarimbado, ir lá e jogar fora. É o que foi combinado com todo mundo. A gente elabora um planejamento. O time que jogou domingo jogou hoje, e o time que jogou terça jogará no domingo. Aí vamos avaliar tudo para escolher um time para a sul-americana.

Cantillo e Gabriel em funções invertidas
 Simples, pela saída de bola do Cantillo e pela marcação do Gabriel. Como queríamos sufocar o São Bento, marcar em cima, não deixar o São Bento jogar, Gabriel tem facilidade para adiantar marcação, é mais rápido, e Cantillo por trás para dar saída de bola com mais qualidade. Já fizemos isso em outros jogos. Mas quando a gente perde sempre gera comentário. Cantillo fez bom jogo, seguro, acertou passes, o Gabriel tem mais dificuldade na armação, mas é uma dupla que foi testada, assim como já foi Gabriel e Ramiro, ou Xavier e Camacho. Vamos tentando escolher a dupla ideal. Tenho que ser justo com quem está melhor para definir o time.

Situação do Jô
– Em primeiro lugar, Jô é um exemplo no dia a dia por sua postura e dedicação nos treinos. Todos se empenham muito. Nas vezes que disse que nos treinos alguns atletas estão abaixo de outros, por isso ele ficou no banco, na escalação ficou o Cauê de titular. Se estivesse melhor, jogaria de início. É um processo que todos passam, não podemos descartar atletas. Se alguns perdem espaço, outros ganham. Se tiro o Cauê, tenho de botar o Jô. É um exemplo durante a semana, e é um atleta da posição. Perdendo por 1 a 0, eu não poderia improvisar um jogador. Seria pior internamente diante do comando do jogador e do resultado apresentado na partida. Ele foi importante em alguns lances. Se não é o Jô que todos queriam, o Jô de anos atrás, é outra questão. Com a entrada dos cinco, a equipe melhorou. Não ganhamos a partida, que era o objetivo, ficamos chateados, mas temos de ser justos com o que temos em mãos e diante da semana de trabalho.

FontePor Ana Canhedo e Marcelo Braga — São Paulo