Tropas do Vale são chamadas para missão de acolhida aos venezuelanos

Militares da 12ª Brigada de Infantaria Leve (Aeromóvel), sediada em Caçapava, foram convocados para atuar na ‘Operação Acolhida’, que visa acolher imigrantes venezuelanos na fronteira com o país vizinho e realizar a interiorização dos refugiados.

A convocação foi do Comando Militar do Sudeste e ocorre três meses após os militares do Vale do Paraíba atuarem na intervenção federal na segurança pública no estado Rio de Janeiro, em ações que foram realizadas em favelas da capital fluminense.

Desta vez, a missão tem caráter humanitário e longe dos perigos que a intervenção urbana em comunidades lideradas por facções criminosas trouxe aos militares da região.

Estima-se que a cidade de Boa Vista, capital de Roraima, abrigue um contingente de cerca de 40 mil imigrantes, a maior parte deles da Venezuela, movimento migratório que se intensificou em 2018 com a grave crise no país latino-americano.

Segunda menor população de capitais do país, Boa Vista tem uma população original de 332 mil habitantes.

Só os refugiados formam o equivalente ao segundo maior município do estado.

REGIÃO.

A ‘Operação Acolhida’ contará com 103 militares da 12ª Brigada, sendo 33 de Caçapava, 19 de Lorena e quatro de Pindamonhangaba. Os demais foram recrutados em unidades de Barueri (29), Osasco (14) e Valença (4), todas comandadas pela Brigada de Caçapava.

Ao todo, 500 militares de unidades de São Paulo vão compor o 5º contingente da Força Tarefa Logística Humanitária. Eles embarcarão para Roraima em aeronaves da FAB (Força Aérea Brasileira) nos próximos dias, em três viagens. Lá, permanecerão por três meses, prestando ajuda humanitária.

“Os pilares da operação, sob a ótica das Forças Armadas, são ordenar a fronteira, abrigar os desassistidos e realizar a posterior interiorização dos imigrantes. A Operação Acolhida é um esforço conjunto da Marinha do Brasil, do Exército Brasileiro e da FAB com apoio de agências governamentais”, informou o Comando Militar do Sudeste.

PREPARAÇÃO.

Segundo a 12ª Brigada, a preparação da tropa que seguirá para Roraima ocorreu no 4º Batalhão de Infantaria Leve, em Osasco, entre 7 e 12 de abril.

Os militares assistiram a palestras de ambientação sobre a situação na fronteira com a Venezuela, receberam instruções sobre como acolher os imigrantes e executaram exercícios de simulação. O trabalho contou com o apoio de agências internacionais, como o Alto Comissariado das Nações Unidas e a OIM (Organização Internacional de Migração), além de estudantes da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

A ‘Operação Acolhida’ começou em março de 2018 por meio de decreto do governo federal. Desde então, o Ministério da Defesa estipulou uma substituição periódica das tropas que atuam na operação de acolhida dos imigrantes venezuelanos.

Ministros fazem vistoria em operação

Uma comitiva interministerial, organizada pelo Ministério da Defesa, acompanhou o trabalho da ‘Operação Acolhida’ em Boa Vista e Pacaraima (RR) nesta semana. A ação conta com agentes das três Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica), com cerca de 600 militares envolvidos.

Segundo o governo, a crise humanitária na Venezuela intensificou o ingresso de imigrantes no Brasil.

Participaram da visita os ministros Fernando Azevedo (Defesa), Osmar Terra (Cidadania), Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Wagner de Campos Rosário (Controladoria Geral da União).

Azevedo disse que os abrigos estão bem estruturados e que agora “o governo verá o que ainda pode ser aperfeiçoado”. O ministro lembrou que por dia passam de 500 a 700 venezuelanos pelo primeiro posto de triagem, em Pacaraima.

“Eles buscam uma solução de vida melhor no Brasil. Eles recebem a primeira orientação em Pacaraima, vêm para os abrigos em Boa Vista e mais de 4,5 mil são interiorizados pelo Brasil afora”, afirmou.

Segundo o governo, os venezuelanos que desejam permanecer no Brasil são encaminhados aos representantes do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.

Ali, eles preenchem um cadastro e recebem a documentação de imigração, como CPF e carteira de trabalho provisória. Os imigrantes ainda passam por entrevista para avaliação do conhecimento profissional. A missão é finalizada com o processo de interiorização dos imigrantes.

Imigrantes têm atualmente 13 abrigos e recebem alimentação e atendimento

Atualmente, existem 13 abrigos em Roraima, sendo 11 em Boa Vista e dois no município de Pacaraima. Os abrigos estão organizados para receber separadamente homens solteiros, mulheres solteiras, casais com e sem filhos, LGBT e indígenas da etnia Warao. Os abrigados recebem três refeições diárias e contam com lavanderia e atendimento médico, entre outros serviços prestados pelo Brasil.

FonteForça Nacional/ Exército Brasileiro