Premier da China apresenta meta de crescimento econômico de 6%, considerada tímida, na abertura do Congresso

PEQUIM – O primeiro-ministro da China, Li Keqiang, deu início na manhã desta sexta-feira à sessão anual do Congresso  Nacional do Povo (CNP) com um discurso no qual estabeleceu uma meta de crescimento econômico neste ano de ao menos 6% do Produto Interno Bruto (PIB). O objetivo é considerado modesto e abaixo das projeções de outros economistas — o FMI previu uma expansão de ao menos 8,1% para o país, após a expansão tímida de 2,3% em 2020 por causa da pandemia.

A reunião deste ano do CNP — o maior Legislativo do mundo, com quase 3 mil deputados, que automaticamente endossam as decisões apresentadas pela cúpula do Partido Comunista — deve durar sete dias.

O encontro deste ano tem especial significado por causa do lançamento do 14º  plano quinquenal do país, cobrindo de 2021 a 2025. No plano estão incluídos objetivos como o reequilíbrio da economia para aumentar a demanda interna, investimentos em indústrias de alta tecnologia (de novos veículos energéticos à biotecnologia), e o enfrentamento a desafios de longo prazo, como o envelhecimento da população.

Em 2020, pela primeira vez não foi apresentada uma projeção anual de crescimento ao Congresso, em função da pandemia de coronavírus. Ainda assim, a economia da China foi a única entre as grandes mundiais a se expandir naquele ano — 2,3%, índice mais baixo desde 1976 —, auxiliada pelas injeções de liquidez do Banco Central para apoiar empresas, por gastos fiscais extras em infraestrutura e pelo rápido controle de surtos de coronavírus.

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Li indicou que retirará gradualmente os estímulos para ajudar a controlar os riscos financeiros. Segundo as projeções apresentadas pelo premier, a despeito do apoio fiscal contínuo, o governo chinês adotará uma política monetária prudente. Pequim pretende reduzir o déficit orçamentário para 3,2% do PIB neste ano, de 3,6% em 2020. Ele justificou a previsão de crescimento para o PIB alegando que a média entre 2016 e 2019 foi de 6,5%.

— Em 2021, a China continuará a enfrentar muitos riscos e desafios de desenvolvimento, mas os fundamentos econômicos que irão sustentar o crescimento de longo prazo permanecem inalterados — disse Li.

O premier acrescentou  que o país planeja criar 11 milhões de empregos urbanos no próximo ano, em comparação a 9 milhões no ano passado. O yuan também deve ser mantido estável.

Segundo Raymond Yeung, economista-chefe para a Grande China no Australia and New Zealand Banking Group em Hong Kong, as metas fiscais sugerem que “2021 é um ano de redução gradual”.

FonteO Globo e agências internacionais