BRASILIA – A Polícia Federal cumpre nesta quarta-feira mandados de busca e apreensão contra o pré-candidato à Presidência pelo PDT Ciro Gomes e seu irmão, o ex-governador do Ceará Cid Gomes, para apurar um suposto esquema de corrupção envolvendo as obras da Arena Castelão, que passou por uma reforma para a Copa de 2014. Ao autorizar as buscas, a 32ª Vara da Justiça Federal do Ceará também determinou a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico deles.
Em uma rede social e posteriormente em nota, o presidenciável classificou a ação de “abusiva” e afirmou que o presidente Jair Bolsonaro “transformou o Brasil num Estado Policial que se oculta sob falsa capa de legalidade”. Disse ainda que o Castelão “foi o estádio da Copa com maior concorrência, o primeiro a ser entregue e o mais barato construído para Copas do Mundo desde 2002” e que não teve nenhuma relação com a obra, já que não ocupou cargo público relacionado ao estádio.
Um outro irmão, Lúcio Gomes, também é alvo da operação, sob suspeita de ser o operador do recebimento dos pagamentos indevidos. A investigação se baseia na delação premiada de executivos da Galvão Engenharia. O GLOBO revelou, em setembro de 2018, que um dos diretores da empreiteira, Jorge Valença, relatou ter feito pagamentos em dinheiro vivo ao grupo de Ciro Gomes em troca da liberação de recursos do governo para a empresa. A PF diz que havia uma associação criminosa entre eles, que criava dificuldades no pagamento de valores devidos pelo governo estadual, para que houvesse a cobrança de propina em troca da liberação dos valores.
As obras do Castelão ocorreram durante a gestão de Cid Gomes no governo cearense. A suspeita da PF é que houve “exigências e pagamentos de propinas a agentes políticos e servidores públicos decorrentes de procedimento de licitação para obras no estádio” entre os anos de 2010 e 2013. A investigação aponta indícios do pagamento de R$ 11 milhões em propina, por meio de dinheiro vivo ou doações oficiais.
QUEM SÃO OS PRÉ-CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA EM 2022
Após anulação das condenações na Lava-Jato, Lula reestabeleceu os direitos políticos e afirmou que anunciará em 2022 se irá concorrer. Foto: Edilson DantasO presidente Jair Bolsonaro cada vez se mostra mais claramente candidato à reeleição e se filiou ao PL para concorrer no ano que vem. Foto: Isac Nóbrega/PRSergio Moro se filiou ao Podemos e anunciou estar pronto para “liderar” um projeto para o país. Foto: Fabio Pozzebom / Agência BrasilTerceiro colocado nas últimas eleições, Ciro Gomes quer ser a opção da esquerda para derrotar Bolsonaro em 2022. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil / Agência O GloboO governador de São Paulo venceu as prévias do PSDB em novembro e se tornou oficialmente o pré-candidato à Presidência do partido. Foto: Roberto Casimiro Fotoarena / Agência O Globo
A atuação de Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde e a visibilidade que ganhou na época fizeram o antigo Dem, atual União Brasil, a cogitar lançar seu nome em candidatura própria. Foto: Jorge William / Agência O GloboO MDB anunciou que vai oficializar em dezembro a candidatura de Simone Tebet, após a senadora chamar atenção na CPI da Covid. Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo 26/06/2021Após convenção do PSD, Pacheco deu pontapé em pré-candidatura à presidência em 2022 Foto: ADRIANO MACHADO / ReutersO senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) lançou a sua pré-candidatura no partido. Foto: Roque de Sá/Agência Senado 19/11/2019O partido Novo oficializou o nome do cientista político Luiz Felipe D’Avila como pré-candidato do partido à Presidência. Foto: Reprodução / Instagram
O Avante lançou o deputado federal de Minas Gerais André Janones como pré-candidato ao Palácio do Planalto. Foto: Luis Macedo / Câmara dos DeputadosSexto colocado em 2018, o ex-deputado federal Cabo Daciolo se filiou ao PMB (que será rebatizado para Brasil 35) para disputar a Presidência em 2022. Foto: Infoglobo
Segundo os delatores, os valores de propina eram discutidos entre Jorge Valença e Lúcio Gomes. Mas dois diretores da Galvão Engenharia relataram ter mantido reuniões com Ciro Gomes para tratar da liberação de valores devidos à empreiteira, mesmo ele não tendo responsabilidade direta sobre o assunto. “Ficava claro nos encontros com Ciro e Cid Gomes que Jorge Valença estava conversando com Lúcio Gomes e que a Galvão Engenharia estava à disposição para disponibilizar os recursos que fossem precisos”, afirmou Dario de Queiroz Galvão.
A PF diz, conforme transcrito na decisão judicial, “os empresários realizaram/promoveram pagamentos sistemáticos de propinas, muitas vezes disfarçadas de doações eleitorais, ao então Governador do Estado do Ceará, Cid Ferreira Gomes, e a seus irmãos Ciro Ferreira Gomes e Lúcio Ferreira Gomes, para viabilizar/agilizar pagamentos de obras e serviços de engenharia contratados pelo Governo do Estado do Ceará com a empresa, bem como, previamente, para garantir a vitória da Construtora nos correlatos procedimentos licitatório”.