BUENOS AIRES — Refugiado em Buenos Aires, o ex-presidente boliviano Evo Morales mantém uma agitada agenda política, com diversos encontros e reuniões, enquanto prepara uma grande convocatória partidária para meados de janeiro, com objetivo de escolher quem será o candidato presidencial nas eleições de 2020. Em uma entrevista nesta terça-feira, o ex-mandatário deixou claro seu desejo de voltar à Bolívia até o próximo Natal.
— Por motivos de segurança, não posso entrar em detalhes sobre o plano que temos para voltar à Bolívia. Mas uma pessoa precisa voltar para seu país — disse.
O ex-mandatário já rejeitou no passado uma candidatura própria e citou Luis Arce Catacora, seu ex-ministro da Economia, e Andronico Rodríguez, um ex-sindicalista, como possíveis candidatos do MAS.
Morales disse ter certeza que sua coalizão irá retomar a Presidência. Após denúncias de fraude eleitoral nas eleições de 20 de outubro, quando concorreu a seu quarto mandato consecutivo, Morales renunciou à Presidência, em meio à pressão das Forças Armadas. O país é atualmente comandado pela autoproclamada presidente interina Jeanine Áñez.
Em uma entrevista à AFP, feita no bairro argentino de San Telmo, Morales lamentou a brusca mudança política promovida por Áñez, criticando a entrada da Bolívia no Grupo de Lima. Segundo ele, o grupo é “um regresso ao passado” e uma perda da identidade boliviana.
Na segunda-feira, o governo do México, onde Morales aceitou asilo político em 11 de novembro e permaneceu até o início de dezembro, expressou preocupação com uma presença “excessiva” de membros dos serviços de segurança e da inteligência na sede de sua missão diplomática em La Paz. Nesta terça-feira, Morales classificou a vigilância como “pior que na ditadura militar, quando pelo menos havia trânsito livre e respeito às embaixadas”.
No início de dezembro ele viajou para uma consulta médica em Cuba e depois seguiu à Argentina, onde permanece.