Mesmo com reabertura das escolas, Dinamarca não registra aumento de casos da Covid-19 entre jovens

A volta às aulas na Dinamarca não significou um aumento no contágio da Covid-19. Após o retorno dos mais novos, em 14 de abril, e das crianças a partir de 11 anos, em 18 de maio, o país não registrou um crescimento de casos entre seus estudantes. De acordo com uma análise dos dados mais recentes sobre o coronavírus de Peter Andersen, pesquisador do Instituto Statens Serum, a reabertura das escolas não causou um novo surto da pandemia, como se teme que pode acontecer em outros países, como Itália ou Espanha.

Segundo Andersen, a queda das infecções entre crianças e jovens de 1 a 19 anos “segue a mesma linha das reduções em todo o país”. Durante a última semana de março, enquanto o país escandinavo estava em confinamento, decretado no dia 12 do mês, um pico de contágio foi detectado na população de 5 a 19 anos — o especialista não inclui crianças menores de cinco anos em seu estudo, já que a escola não é obrigatória para eles.

— Esse pico estava relacionado ao fato de mais testes começarem a ser feitos — explica.

Algumas semanas depois, quando o governo da social-democrata Mette Frederiksen iniciou uma reabertura tímida, em 15 de abril, e permitiu o início do retorno às aulas, Andersen observou um novo aumento de casos entre os estudantes.

— Foi durante a primeira semana da retomada. A partir daí, foi diminuindo em todas as idades — conta Andersen.

Há um mês, a curva da Covid-19 na juventude era de cerca de 40 novos casos por semana; há 14 dias, 20 e, agora, apesar de ainda não terem os números exatos, são cerca de cinco. Segundo o estudo sorológico realizado no país há algumas semanas, apenas 1% da população desenvolveu imunidade contra o vírus, em comparação com, por exemplo, 5% dos espanhóis.

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— É um número muito baixo e revela que não há imunidade na Dinamarca — reconhece o especialista. — Mas, se o número de novos casos e mortes continuar a cair, é correto dizer que a Dinamarca considera o vírus controlado — diz ele, referindo-se a declarações de Frederiksen dias atrás em que anunciou que o país, que tem 568 mortes, domara a pandemia.

A Dinamarca foi o primeiro país a reabrir escolas durante a pandemia. No dia 15 de abril, estudantes de até 10 anos puderam voltar às aulas, e, em 18 de maio, aqueles a partir de 11 anos, considerados com mais autonomia para ficar em casa enquanto os pais faziam home office.

— As crianças foram as primeiras a voltar à escola, voluntariamente, antes mesmo de as lojas abrirem. No início, muitas famílias tinham medo, e na primeira semana em minha escola cerca de 30% das crianças não foram às aulas. Mas pensamos que, se elas pudessem voltar à escola com segurança, o país poderia retomar as atividades. Com as crianças em casa era impensável — explica a jornalista Michelle Unzué, mãe de duas meninas de quatro e cinco anos e que mora na Dinamarca há dois anos.

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Durante as cinco semanas em que as crianças estiveram em casa, a escola se ofereceu para cuidar daquelas cujos pais trabalhavam na área da saúde ou em empregos em que a presença deles era essencial. Isso também aconteceu na Finlândia, onde durante o confinamento as salas de aula permaneceram abertas para os filhos de policiais e profissionais de saúde.

Entre outras orientações iniciais, foram determinados a lavagem frequente das mãos, a redução do horário escolar e a separação de dois metros entre as mesas. Foi dada prioridade ao ensino ao ar livre, eliminando as disciplinas nas quais as crianças tinham que compartilhar materiais — como instrumentos musicais ou computadores. Também foi proibido o acesso dos pais à escola e os horários de entrada e saída passaram a ser escalonados.

Cinco semanas após esse retorno inicial, algumas medidas foram relaxadas: a separação das mesas agora é de um metro e o horário escolar voltou a ser das 8h às 13h ou das 8h às 15h, a depender da série. Ainda assim, a orientação para a lavagem frequente das mãos e as aulas ao ar livre permanece.

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Os pátio foram adaptados com tendas e toldos para que as crianças façam suas tarefas lá, sentadas em cadeiras separadas. O balanço também pode ser usado, desde que as mãos sejam desinfetadas depois. Já os esportes em grupo continuam proibidos.

FonteBeatriz Lucas e Belén Domínguez Cebrián, do El País