Mais de 30 pessoas morrem pisoteadas em peregrinação xiita no Iraque

© MOHAMMED SAWAF / AFP

Pelo menos 31 pessoas morreram pisoteadas nesta terça-feira (10) em um tumulto registrado durante a peregrinação xiita de Ashura, na cidade iraquiana de Kerbala, ao sul de Bagdá, segundo informações do ministério da Saúde. A multidão se viu envolvida numa enorme confusão em um dos últimos estágios da procissão, que comemora o martírio do imã Hussein, neto do profeta Maomé, um dos eventos fundadores do islã xiita.

De acordo com o balanço preliminar do ministério da Saúde, houve 75 feridos, dentre os quais pelo menos dez estão em estado crítico. Em 2013, a peregrinação do Ashura foi marcada por uma série de ataques que mataram cerca de 40 fiéis xiitas em várias cidades do Iraque. Em 2005, outra peregrinação xiita, a do imã Mussa Kazim, no mausoléu de Bagdá, foi marcada por uma confusão em uma ponte sobre o rio Tigre. Pelo menos 965 peregrinos morreram. A causa foi um boato sobre a presença de um suicida entre a multidão.

Até agora, nenhum incidente havia sido relatado na celebração de 2019, quase dois anos depois que o Iraque se declarou vencedor sobre os jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI). Centenas de milhares de xiitas que vieram de outros países, principalmente do vizinho Irã, concentraram-se em Kerbala, como todos os anos.

Imagens chocantes

Desde o início do mês muçulmano de ‘moharram’, há dez dias, os xiitas celebram um período de luto. Em Bagdá, Basra ou Najaf, no sul, são organizadas procissões que atingem seu clímax no décimo dia do mês sagrado, chamado Ashura, que foi comemorado na terça-feira.

Como todos os anos, essas peregrinações produzem imagens impressionantes de homens que se autoflagelam, com espadas ou facas, para comemorar o martírio do imã Hussein, morto em 680 pelo califa Yazid, durante a batalha de Kerbala. A maioria dos peregrinos chora, enquanto outros cobrem o rosto e o torso de cinzas em sinal de luto.

Os dois principais santuários xiitas estão no Iraque. Além de Kerbala, Najaf é a segunda cidade sagrada, 160 km ao sul de Bagdá, onde fica o mausoléu do imã Ali, genro do profeta Maomé. Sob o regime sunita de Saddam Hussein, festas xiitas como a peregrinação Ashura foram proibidas. Atualmente, a data é feriado nacional.

FonteRFI / AFP