Lá vem o pato! Desprezo da NFL e título mundial inusitado: conheça a trajetória do novo quarterback titular do Pittsburgh Steelers

O Pittsburgh Steelers tem um novo titular na posição de quarterback: Devlin Hodges. Ou, como os companheiros gostam de o chamar, Duck Hodges. O calouro, que passou pelo draft sem ser selecionado por nenhum time e sequer foi convidado para o combine (semana de testes físicos da NFL antes do draft), tem o apelido de “Duck” (pato, em inglês) por um motivo inusitado: é campeão mundial de CHAMAR PATOS.

Caçador ávido, o pai de Devlin o levava para a atividade e fez o filho aprender a chamar os patos. O gosto pela função foi tão grande que ele começou a competir. (Sabe como funciona a competição? O torneio consiste em três rodadas eliminatórias em que os participantes apresentam a rotina com o chamador, uma espécie de apito que você tem que puxar o ar para soar, e recebem notas dos juízes. Quem tiver maior somatório ao fim da terceira rodada vence).

Em 2019, o atual quarterback dos Steelers foi campeão mundial da modalidade. O hábito de Hodges de falar sobre a atividade com os companheiros fez com que eles o apelidassem como “Duck”, ainda na universidade.

Mike Tomlin, treinador principal dos Steelers, também se divertiu com o histórico do jogador e começou a chamá-lo de “Duck Dynasty”, uma brincadeira com a serie de TV do mesmo nome. Hodges abraçou o apelido e até brinca com isso nas redes sociais.

Hodges terá um desafio bem maior para levar o time dos Steelers a um eventual título. A franquia vem sofrendo com muitas lesões no ataque, que é o 28ª da NFL em jardas por partida e a 25ª em pontos por jogo, e carece de melhores peças para ajudar o quarterback. Os torcedores de Pittsburgh esperam que, chamando as jogadas de ataque, o QB tenha o mesmo sucesso que chamando os patos.

Desprezo da NFL

Se hoje Devlin Hodges é titular de uma das franquias mais antigas e vitoriosas da história da liga, a expectativa em cima do QB não era das melhores antes do draft. Apesar de uma carreira notável na universidade de Samford, em quatro temporadas teve aproveitamento de 69,1% dos passes feitos, 14.584 jardas aéreas, 111 touchdowns e apenas 41 interceptações, o jogador sequer foi convidado para participar do combine (série de testes físicos promovida pela liga para ajudar os times na seleção).

Depois da seleção, em abril, os Steelers convidaram o jogador para um teste no período de treinos de calouros, o que rendeu a ele uma oportunidade de brigar por uma vaga no elenco. A vaga não veio. Em agosto, no dia em que a franquia precisou reduzir o elenco para 53 jogadores, Hodges estava entre os demitidos. Mas o desemprego durou pouco.

A comissão técnica dos Steelers gostou do que viu e contratou o QB para o time de treinamentos. Depois da lesão de Ben Roethlisberger, na semana 2, Duck foi promovido de volta ao elenco principal para ser reserva de Mason Rudolph. A primeira oportunidade no time veio contra o Baltimore Ravens, quando Rudolph sofreu uma concussão. Hodges conduziu a campanha da virada que quase fez Pittsburgh bater o rival de divisão.

Na semana seguinte, foi titular enquanto Mason ainda se recuperava da lesão, e venceu o Los Angeles Chargers por 24 x 17. A volta a reserva, com a recuperação do companheiro de time, durou quatro semanas, até que Mike Tomlin se irritou com o desempenho de Rudolph contra os Bengals e resolveu trocar o quarterback durante o jogo.

Hodges entrou e na primeira campanha conectou um passe de 79 jardas para o touchdown de James Washington, que colocou Pittsburgh à frente do placar. Depois de se recusar a comentar a troca na coletiva de imprensa pós-jogo, o treinador confirmou Hodges como titular durante a semana.

De rejeitado antes do draft a titular do Pittsburgh Steelers. A caminhada de Devlin Hodges até aqui é notável, mas o Pato ainda tem muito o que mostrar para se manter na NFL. 

FontePor Giba Perez — Rio de Janeiro (RJ)