Assim como outros que receberam a honra, o caixão de Lewis foi colocado no pedestal construído para o funeral do presidente Abraham Lincoln, em 1865.
Pelosi e outros participaram de uma cerimônia privada na Rotunda antes que o corpo de Lewis seja movido para os degraus no lado leste do Capitólio para uma exibição pública, uma movimentação incomum, necessária porque a pandemia de Covid-19 fechou o Capitólio ao público.
Dentro e fora da Rotunda, placas alertam os visitantes de que o uso de máscaras é necessário.
O candidato presidencial democrata Joe Biden, que serviu no Congresso ao lado de Lewis, deve visitar o Capitólio para prestar sua homenagem. Os dois se tornaram amigos nas duas décadas que passaram juntos no Capitólio e nos dois mandatos de Biden como vice-presidente de Barack Obama, o primeiro presidente negro do país, que concedeu a Lewis a Medalha Presidencial da Liberdade em 2011.
Notavelmente ausente das cerimônias estava o presidente Donald Trump, que se desentendeu publicamente com Lewis. Lewis uma vez chamou Trump de presidente ilegítimo e o repreendeu por alimentar discórdia racial. Trump rebateu ao considerar o distrito congressional de Lewis em Atlanta como “infestado de crimes”.
Trump anunciou que não iria ao Capitólio, mas o vice-presidente Mike Pence deve prestar sua homenagem ainda nesta segunda-feira.
Logo antes das cerimônias, a Câmara aprovou um projeto de lei para estabelecer uma nova comissão federal para estudar as condições que afetam homens e meninos negros.
Vários membros do Black Caucus do Congresso, incluindo os representantes Cedric Richmond, da Louisiana, Bennie Thompson, do Mississippi, e Karen Bass, da Califórnia, foram vistos com máscaras faciais com a inscrição “Good Trouble”, um aceno para um dos conselhos favoritos de Lewis.
“Não se perca em um mar de desespero. Seja esperançoso, seja otimista”, tuitou Lewis em 2018. “Nossa luta não é a luta de um dia, uma semana, um mês ou um ano, é a luta de uma vida. Nunca, tenha medo de fazer barulho e ter problemas, problemas necessários”.
Lewis nasceu em Troy, no Alabama, em 1940. Era o quarto de dez irmãos de uma família de camponeses e cresceu em uma comunidade totalmente negra, onde rapidamente sentiu a segregação pela cor da pele.
Tinha apenas 21 anos quando se tornou um dos fundadores dos “Passageiros da Liberdade”, que lutaram contra a segregação racial no sistema de transporte público americano no início dos anos 1960.
Lewis foi o líder mais jovem da manifestação de 1963 em Washington, na qual Luther King proferiu seu histórico discurso “I have a dream” (“Eu tenho um sonho”).
Dois anos depois, quase morreu em uma manifestação antirracista pacífica em Selma, Alabama, quando teve um crânio fraturado pela polícia.
Aquele dia ficou conhecido como “Domingo Sangrento” e, exatamente meio século depois, caminhou de mãos dadas com Barack Obama, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, até o local do protesto emblemático.
Lewis entrou no Congresso em 1986 e logo se tornou uma das vozes mais poderosas da defesa da justiça e da igualdade.