Filho do ‘Rei do Táxi’ admite que mãe tem 15 alvarás, mas é dona de casa

Na primeira oitiva da CPI do Táxi da Câmara de Campo Grande, que aconteceu nesta segunda-feira (10), Elton Pereira de Matos, filho de Moacir Joaquim de Matos, que ficou conhecido na Capital como ‘Rei do Táxi’ por possuir grande número de alvarás, afirmou em depoimento que a mãe tem 15 alvarás, apesar de sempre ter trabalhado como dona de casa.

“Não vejo crime nenhum. O que eu vou dizer agora pode até prejudicar, mas os 15 alvarás estão no nome dela sim porque ela é uma companheira de vida do meu pai. Quando essa lei de limitar para 15 foi instituída sobraram lacunas e minha mãe é sim dona de casa. Meu pai abriu a empresa no nome dela”, admitiu.

Moacir morreu em outubro do ano passado e deixou 27 alvarás. Outros seis são de Elton e 15 da mãe. A lei a qual o herdeiro se refere é uma limitação estipulada pelo então prefeito André Puccinelli, em até 15 alvarás por pessoa. Mas quem já tinha mais alvarás que essa quantidade permaneceu dono dos táxis.

Presidente da Comissão, o vereador Vinicius Siqueira (DEM) perguntou ao empresário qual o motivo para que a família tivesse tantos alvarás. “As pessoas vendem a cedência, não o alvará. A gente compra as benfeitorias do ponto e as pessoas assinam os termos de cedência. Ter alvarás em grande quantidade é uma prática comum no Brasil. Conheço empresário de São Paulo que tem mais de 1,5 mil. Meu pai começou em 1975 e parece que a Comissão está indo contra a prosperidade que meu pai alcançou”, defendeu.

Uber

O empresário ainda questionou os vereadores em relação a uma postagem no Facebook, onde estariam em um evento da Uber, colocando em cheque a imparcialidade dos parlamentares ao comporem a CPI para investigar os alvarás.

Junior Longo (PSDB) afirmou que um legislador transita pelas mais diversas áreas. Vinicius Siqueira disse ser a favor do livre comércio e não de uma empresa específica.

Estavam previstos os depoimentos da mãe de Elton, Francisca Pereira dos Santos, que não compareceu por ter quebrado a perna. Ela encaminhou um atestado médico e afirmou que vai dar uma procuração para alguém representá-la. O casal Orocídio de Araújo e Maria Helena Juliace de Araújo também iria depor, mas estava de viagem marcada e devem comparecer para ser ouvido na próxima quarta-feira (12).

Rei do Táxi

Com a ajuda da esposa e do filho, Moacir se tornou o maior dono de veículos que oferecem o serviço e controlava a Rádio Táxi Campo Grande, uma das principais da cidade.

Moacir nasceu em 27 de junho de 1956, na cidade de Valparaíso, no Estado do São Paulo, mas em recebeu o Título de Cidadão Campo-Grandense, conforme o Decreto Legislativo nº 1.461/11, em agosto de 2011, na Câmara Municipal de Campo Grande.

O empresário deixou três filhos Eltom, Pedro Henrique, Gabriele, e a esposa Francisca Pereira dos Santos.

Em 2013, o Jornal Midiamax fez uma série de reportagens contando sobre a posse dos diversos alvarás pela família. Somente Moacir tinha 27 alvarás, mas a família possuía, ao todo, 51 táxis, responsável já na época por 11% de toda a frota campo-grandense, de 490 veículos. Para não descumprir a legislação municipal, que permite um máximo de 30 táxis por empresa, a frota familiar foi dividida em três razões sociais.

Segundo os “curiangos” – como são chamados os taxistas auxiliares, quem realmente dirige os táxis -, quem trabalha com os veículos de Moacir Matos era obrigado a abastecer no posto do chefe.

Os auxiliares garantiram que desobedecer ao chefe é a senha para perder dinheiro. Se abastecer em outro posto e for pego, o curiango é suspenso, e não pode dirigir um táxi pelo tempo determinado por Moacir.

Os curiangos que trabalham para o rei do táxi pagavam entre R$ 120 e R$ 220 de diária. Os auxiliares ainda são responsáveis por pagar toda a gasolina que utilizarem, R$ 35 pela máquina de cartão de débito/crédito, 10% de toda a corrida paga com cartão fica com a Rádio Táxi CG, além dos custos de ponto, segundo os entrevistados na época.

Fonte: Midiamax (Evelin Cáceres e Jéssica Benitez) / Foto: Midiamax