Fenômeno nas redes sociais, Douglas do Vôlei comemora sucesso: ‘Viralizei do nada. Estou em choque’

TÓQUIO — Em menos de 24 horas, Douglas Souza se transformou no atleta brasileiro mais comentado do país. Dormiu com 260 mil seguidores no Instagram e acordou nesta quarta-feira, no Japão, com 900 mil. Vai bater a marca de 1 milhão em breve, e o ponteiro da seleção brasileira de vôlei já programa comemoração para quando atingir a marca.

Suas postagens sobre os bastidores da equipe e da concentração em Tóquio são divertidas e autênticas. Os amigos não escapam de provocações bem humoradas e tiradas inteligentes. Mas com o técnico Renan dal Zotto… a coisa é mais embaixo. Douglas diz que não tem coragem de brincar com ele porque não quer ser cortado do time que busca a terceira medalha de ouro olímpica.

 

Em entrevista ao GLOBO, na zona mista da Ariake Arena, Douglas, que esteve na reserva do time campeão em 2016, deu spoiler: preparem-se para seus comentários sobre a Cerimônia de Abertura, no dia 23. Vai ter até traje especial e muita sacanagem com Bruninho, o levantador do Brasil, que será porta-bandeira ao lado de Ketleyn Quadros. Douglas vai assistir ao evento do quarto da Vila Olímpica.

 

O que está acontecendo?

Ontem, 70 mil pessoas tinham assistido aos meus Stories. Depois do treino da manhã, eram quase 917 mil. Estou em choque! Esse é meu jeito. Sou assim, pode perguntar para meu namorado e família. Estou brincando o tempo inteiro, fazendo piada e enchendo o saco do “Jorge” (ele chama assim o colega de seleção Maurício Borges). A única diferença é que agora estou filmando e colocando no Instagram. Antes eu não filmava, ficava mais na minha. Tinha um pouco de medo. Agora estou deixando acontecer e está dando certo porque o povo está adorando.

Tinha medo do quê?

Do julgamento. Antes eu não tinha maturidade para colocar a minha cara na internet e aparecer um comentário negativo e eu ter medo de como poderia me afetar. Hoje liguei o foda-se, desculpe a palavra. Quer falar mal? Tudo bem. Infelizmente, nós da comunidade LGBT estamos muito acostumados com isso. Só de acordar e dar a cara ali, as pessoas vão falar de você. Então que falem.

Você comentou que estava tomando sustos com os famosos que passaram a te seguir…

Gente, fiquei muito em choque! Antes de chegar no treino, eu estava vendo, era só Direct (mensagem privada no Instagram) da Pabllo Vittar, Luiza Souza, Tatá Werneck, a Camila de Luccas, a Rafa Kalimann, que eu amo. Tem até Direct de famosos que eu não consigo visualizar todos. Que vai para a solicitação, caso eu não siga o famoso. Estou descobrindo um mundo novo, estou em choque! Viralizei do nada.

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Você está feliz?

Muito! Lógico. Sempre acompanhei o trabalho desse povo, da Camila de Luccas, por exemplo, muito antes de entrar no BB. Da Pabllo também, de uma galera. E agora eles sabem que eu existo.

Você tem facilidade, né? Como tem tanto tempo para fazer Stories?

Faço no nosso tempo de descanso, entre aspas. Faço muita coisa deitado na cama, antes de dormir. É uma coisa mais assim. E ontem, que teve um dia um pouco diferente, porque foi a nossa chegada na Vila Olímpica, tinha muita novidade. Daí eu quis movimentar e mostrar para a galera. Embora muitos já tinham mostrado antes e eu estava um pouco preocupado com isso. Mas as pessoas querem ver o que eu fiz. Pode ser mostrar uma maçã. O povo adora! Tá incrível. E eu vou continuar a fazer. Inclusive na Abertura, que a gente não vai poder ir, vou fazer do meu quarto. Farei comentários e vou entrar de vestido. Vai ser bem legal. Não trouxe vestido, não! Nem caberia na mala. Vou fazer de edredom mesmo.

Então você já está programando conteúdos…

As coisas surgem do nada. Esse da Abertura surgiu agora vendo vocês falando com o Bruno sobre a cerimônia. Pensei: vou participar do meu quarto já que não vou poder participar lá.

Você se diverte?

Lógico! Me divirto fazendo, é o meu passatempo, meu hobby. Quando estou em casa, gravo muito para o meu canal no Youtube. Esse é meu hobby, jogar vídeo game. Aqui não tem como. Não tem TV no quarto. Então fico interagindo com os fãs.

E a história da cama? Vários atletas fizeram o teste da cama de papelão, mas você realmente inovou…

(risos) Cara, foi muito espontâneo. Quando vi a cama, pensei: eu nem vou gravar porque eu ia bater a cabeça no teto. Mas dei uns pulinhos e do nada deu vontade de sambar, e eu comecei a sambar. E é isso…

Os outros atletas gostam das brincadeiras? Ou tem alguém com quem você nem mexe?

Os que eu não tenho tanta intimidade eu não fico brincando. Com o Borges, que é meu companheiro de quarto desde 2016, aí eu pego mesmo. Tenho intimidade, é mais tranquilo. A galera que eu não tenho certeza de como vai reagir, eu nem brinco, deixo na deles. Cada um na sua. Se eles gostarem, chegam brincando e tudo bem.

 

 

E com o Renan?

Sabe que eu não lembro se já fiz algo com o Renan… Nem brinca, ele pode me cortar. É o chefe, né? Tenho de dar uma respeitada.

Você se sente mais à vontade porque hoje com um homossexual há mais respeito?

Também, mas acho que tem mais a ver com a maturidade de eu querer me expor. Posso gravar um conteúdo aqui e caguei para o que as pessoas vão falar.

Você mais que dobrou seus seguidores. Vai ter comemoração de 1 milhão?

Vai ter de ter, né? Vai ter de um milhão, vai ter se a gente for, se Deus quiser, bicampeão olímpico… vai ter de tudo. Mas espero primeiro bater 1 milhão. Calma, gente!

Qual a importância de poder engajar com uma galera que não é a do vôlei? Levantar a sua bandeira?

Essa que é a minha mensagem. Tirando o vôlei, o negócio é ser quem você é e buscar seu sonho, independente de qual seja. Estou aqui vivendo o meu sonho, sendo eu o tempo inteiro, sem esconder, sem medo e me divertindo.

Você está em um país mais tradicional e está se expondo sem filtro. Não tem receio?

Não… Os japoneses são muito fofos, gente! Carinhos e respeitosos. Jamais… até porque se quiserem me xingar, na língua deles, eu não vou entender mesmo! Tá ótimo! Fique com Deus!

FonteO Globo/ Carol Knoploch, enviada especial