O ex-tenente José Gomes Rodrigues, de 57 anos, foi preso bêbado e dirigindo um carro sem placa, nas imediações da antiga rodoviária, em Campo Grande. Além deste crime, José também é investigado por furtar o corpo da antiga namorada, há seis dias, em Dois Irmãos do Buriti. Ele não teve direito à fiança e foi encaminhado ao presídio militar, conforme afirmou ao G1 o delegado Antônio Ribas Jr., plantonista da Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) Centro.
“Como se trata de um PM reformado, ele foi encaminhado ao presídio militar. José passou pelo teste e deu acima do limite. Ele alegou que não estava dirigindo o carro e começou a beber somente depois que parou. No entanto, o guarda municipal nos ressaltou que o abordou imediatamente, após ele descer do carro. Eles disseram inclusive que chamou a atenção uma pessoa circulando com o carro da frente e atrás sem placa”, explicou Ribas.
Conforme a polícia, a investigação do crime do corpo, além da reincidência na embriaguez ao volante, no ano de 2016, a prisão por violência doméstica neste mês e também no ano de 2011, foram motivos para o ex-tenente permanecer preso. “Nós questionamos sobre o crime da embriaguez, mas, ele confessou novamente o furto do cadáver e disse que tem outras pessoas envolvidas”, ressaltou o delegado.
Em depoimento, os guardas ressaltaram que, por volta das 23h (de MS) desse domingo (17), o avistaram descendo do carro com uma cerveja na mão. Ao pedir documentos, o suspeito teria apresentado apenas um holerite em nome dele, sem ter qualquer outro documento com foto ou então do carro. Ele se identificou como oficial da PM aposentado e apresentava “odor etílico, fala pastosa e andar cambaleante”.
O resultado do teste de alcoolemia apresentou 0,67 mg/L. O caso foi registrado como conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada.
Confissão da ocultação do cadáver
Um dia antes, o policial confessou o furto do corpo de Rosilei Potronieli, de 37 anos. Ele também ressaltou que se entregaria à polícia, na terça-feira (19), de acordo com o advogado dele, José Roberto Rodrigues da Rosa.
O advogado ainda afirmou que o cliente sofre de esquizofrenia. “É uma pessoa que apresentou através da família um laudo que ele possui uma doença mental incurável, ele é esquizofrênico”, comentou o advogado.
No mesmo dia, também foi divulgado um vídeo que mostra Rosilei sendo esfaqueada. O corpo dela passou por uma nova perícia e foi liberado para a família realizar o funeral.
PM disse que tinha pacto com a vítima
José manteve um relacionamento com a vítima por 20 anos, entre indas e vindas. A delegada responsável pelo caso afirmou que o policial é obcecado pela vítima e estava determinado a ficar com o corpo dela. Após furtar o corpo, com a ajuda de um primo, ele fez um novo enterro em uma cháchara em Campo Grande e chegou a realizar uma espécie de funeral particular.
“Eles haviam prometido um ao outro que ficariam sempre próximos, e quem morresse primeiro, seria levado para perto. O suspeito disse que furtou o corpo para enterrá-la na própria chácara, ao lado da janela de seu quarto, para ficar perto dela”, relata a delegada Nelly Macedo, responsável pelas investigações.
A delegada do caso explica que alguns detalhes chamam a atenção da polícia: “O cúmplice relatou em depoimento que, ao pegar o cadáver da mulher no cemitério, o homem a abraçava, beijava e repetia o tempo todo a frase Eu vim te buscar, meu amor'”.
Entenda o caso
No dia 13 de janeiro, um trabalhador rural de 38 anos apresentou-se na delegacia de Terenos, acompanhado de 2 advogados e confessou ter esfaqueado a mulher. Ele relatou à polícia que estava em um bar e que Rosilei derrubou uma bebida dele e que, por isso, teria dito a ela que pagasse outra dose.
Na versão do homem, quando ele estava indo embora, a mulher teria ido atrás dele e batido em sua cabeça. Ele disse que, com raiva, foi até o carro onde tinha uma faca e atingiu a vítima. A polícia investiga a participação de outras pessoas no crime.
O crime ocorreu na madrugada do dia 10 e, na tarde do dia 11, Rosilei foi enterrada no cemitério de Dois Irmãos do Buriti. No outro dia, o coveiro responsável pelo local observou que a terra sobre a cova estava remexida. Ele desconfiou e, ao verificar a situação da cova, verificou que que o caixão estava no local, com alguns panos dentro, mas sem o corpo e sem as flores. O homem avisou a polícia, que acionou a perícia.