‘Evo Morales alegar golpe é falso como eleição vencida por ele’, diz presidente interina da Bolívia

A parlamentar Jeanine Añez se proclamou presidente interina da Bolívia em uma sessão na sede do Senado boliviano em La Paz na noite desta terça-feira (12).

Advogada, Añez, de 52 anos, nasceu na cidade boliviana de Trinidad. Foi eleita senadora em 2010, pelo partido “Plano Progresso Bolívia – Convergência Nacional” (PPB-CN). Atualmente, ela integra a aliança opositora Unidad Demócrata. É casada com Héctor Hernando Hincapié Carvajal, membro do Partido Conservador Colombiano.

Na primeira entrevista como presidente interina, concedida à rede CNN, Áñez disse: “havia uma demanda da sociedade para pacificar a Bolívia. Não podemos ficar indiferentes à situação que Evo Morales nos deixou. ”

Ela ressaltou ainda que a primeira coisa que fará será escolher um novo Tribunal Eleitoral e depois convocar eleições presidenciais.

“Este será um governo de transição. Depois de eleger o Tribunal Eleitoral, escolheremos o novo presidente da Bolívia nas eleições ”, afirmou.

Ela também criticou o ex-presidente por dizer que era vítima de um golpe de estado: “Evo Morales dizer que houve um golpe de estado é tão falso quanto o resultado das eleições vencidas por ele”.

Linha de Sucessão

Após a renúncia de Evo Morales da Presidência da Bolívia no último domingo (10), as atenções acabaram voltadas para Añez  logo que o vice-presidente da República, assim como os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, também optou por abandonar o cargo.

Rubén Medinacelli, primeiro vice-presidente do Senado, também renunciou ao mandato. E, desta forma, ela passou a ser apontada como o próximo nome da linha sucessória.

Nesta segunda (11) no Congresso, Añez fez um pronunciamento emocionado onde afirmou que, se fosse a vontade da população civil da Bolívia, ela estava pronta para assumir o governo.

Mas ressaltou que, caso a maioria prefira outra solução, ela também aceitaria a decisão. “Os bolivianos não merecem passar por isso”, acrescentou Añez, de acordo com reportagem do El País.

“Estou na oposição há 10 anos, porque não podemos dizer que estávamos em uma democracia plena. Não se pode falar em democracia quando há perseguidos políticos, quando há exilados políticos, quando não se respeita a Constituição”, afirmou Añez sobre a gestão de Evo Morales.

Mensagens de incentivos aos protestos 

A senadora sempre foi crítica governo conduzido por Morales que estava no poder há mais de 13 anos. Nas últimas semanas, ela publicou em suas redes sociais várias mensagens a favor dos protestos que questionavam a permanência de Morales. E contestou o resultado da eleição que deu um novo mandato a Morales: “sem dúvida alguma, para nós, foi uma fraude descarada”.

Añez sempre atacou Morales e a cúpula de seu governo classificados por ela como “assassinos”, “covardes”, “hipócritas”, “cretinos”, “sem-vergonha” – entre outros adjetivos presentes em suas mensagens publicadas nos últimos meses em redes sociais.

A senadora ainda classifica de forma reiterada o regime como ditadura socialista, tendo por hábito compará-lo a países como Venezuela, Cuba e Nicarágua. “Quando estivermos como a Venezuela, meses e anos não terão o que levar a seus filhos, não terão o que vender e não haverá nada para comprar. Esse é o socialismo, talvez queiram chegar a isso, mas não digam que não advertimos”, postou.

FonteÉpoca / Rodrigo Castro