Com atenção, os policiais militares fazem a ronda no quarteirão da escola. As luzes ligadas, identificam de longe o veículo policial. A entrada da equipe pela porta da frente é calma. Nos corredores alunos, professores, merendeiras, e quem mais passar pelos homens e mulheres fardados, recebe o grupo com sorrisos, nitidamente em agradecimento pela presença no ambiente escolar.
Para os alunos, estar na presença da equipe da Polícia Militar não causa qualquer tipo de incomodo. Fica claro que todos estão acostumados com a presença uns dos outros, dentro e fora da escola.
“A gente cria um laço de amizade com os alunos. Me chamam para os eventos da escola. O último que participei foi a Feira dos Conhecimentos, porque tem várias disciplinas envolvidas. Agora não é mais Feira de Ciências, já me ensinaram. Eles só querem atenção, e aceitam serem orientados. É o que estamos fazendo”, disse o sargento F. Pires, que já se tornou anjo da guarda e padrinho da turma do futebol de uma das escolas onde atua.
A promoção deste ambiente favorável nas unidades da Rede Estadual de Ensino e também no entorno das escolas, é um dos resultados já alcançados no programa “Escola Segura, Família Forte”.
Com rondas no entorno das escolas e atuação nas salas de aula, os policiais participam de palestras, orientações e resolução de conflitos, e se tornaram parte da rotina. “A gente consegue falar de assuntos diversos com eles. E somos um apoio para os diretores, assim eles podem se concentrar na administração da escola e no ensino, que é o papel deles, e nós cuidamos da segurança e prevenção, que é a nossa responsabilidade”, disse o sargento.
Com 280 alunos que estudam do 1° ao 3° ano do ensino médio, em tempo integral, o diretor Paulo Castaldelli, da Escola Estadual Amélio de Carvalho Baís – no Coophatrabalho –, confirma que a presença dos policiais contribui para a segurança na unidade e no entorno. “Temos um grupo de policiais muito preparado. Eles sabem trabalhar com a juventude. E estão presentes na escola de maneira frequente e preventiva, com isso tem diminuído muito as ações necessárias de forma repressiva”.
O contato com as equipes da popular “Ronda Escolar” também é fácil, basta enviar mensagem – por meio de aplicativo – e rapidamente um dos policiais da viatura, exclusiva para o atendimento das escolas, entra em contato e faz os encaminhamentos.
“Temos contato imediato com o grupo, onde estão os diretores e os policiais. Mas eles (equipe da PM) sempre estão na escola, presentes. É um formato diferenciado de policial. Na entrada dos alunos ficam na porta cumprimentando os pais, conversando, orientando. Acompanham a rotina, visitam, conversam, e quando tem algo mais pontual, dão suporte. Hoje a gente tem segurança, quando eles estão não precisa a polícia agir de outra forma. A presença dos policiais já é autoridade suficiente”, disse Castaldelli.
O “Escola Segura, Família Forte” tem equipes específicas de policiais em todas as regiões de Campo Grande, com atendimento em todas as escolas da Rede Estadual de Ensino. Na periferia ou na área central, o cuidado e a atenção com a comunidade escolar garantem a segurança nas ruas e na sala de aula.
Iasmin Calazans é mãe de Nina, 11 anos, que faz o 6° ano do ensino fundamental na Escola Estadual Maria Constança Barros Machado, acompanha de perto a segurança da filha na escola e está satisfeita com as rondas realizadas na região, conhecida por ser área de circulação de adictos. “Vejo a polícia com frequência, tanto na porta da escola quando fazendo ronda”.
E o cuidado com os alunos é em todo o trajeto, de ida e volta para a escola, e especialmente nos pontos de ônibus. “Eu cuido o tempo todo. Quando entra e quanto sai da escola. Se está indo pegar o ônibus, ou vai a pé para outro lugar, eu sempre oriento a não andar sozinho. Ir de turma porque assim um cuida do outro. E os policiais estão sempre por aqui cuidando também”, garante a agente de controle de acesso da escola, Joana Mara Rocha.
Os grupos de mensagens de aplicativos, usados pelos policias militares do “Escola Segura, Família Forte”, são essenciais para a rapidez de resposta. Sem qualquer necessidade de registrar o pedido de ronda ou apoio pelo 190, as ações nas escolas são imediatas, sem qualquer tipo de espera.
“Os diretores solicitam quando identificam algum problema, dentro ou fora da escola. E mesmo que não chamem a gente faz as rondas e visitas regulares no entorno, damos orientações. A nossa atuação é sempre buscando a prevenção. E quando tem necessidade a gente faz repreensão também, conduz e dá o encaminhamento burocrático”, explicou o sargento Carlos Fontes, que também atua em uma das viaturas da “Ronda Escolar”.
O sucesso da metodologia de trabalho possibilita outras parcerias com a escola. Como ação extra, os alunos do 2° ano do ensino médio da Escola Estadual Amélio de Carvalho Baís, participaram de uma palestra sobre violência doméstica, ministrada por policiais militares do Promuse (Programa Mulher Segura), da Polícia Militar.
Com técnicas específicas, os policiais conseguem transmitir a mensagem, e ainda estão preparados para receber qualquer tipo de denúncia. “A presença da polícia é muito importante para a segurança da escola. E também auxilia nas denúncias e na identificação de pessoas que sofrem qualquer tipo de violência, em especial a doméstica e contra a mulher”, disse a presidente do Grêmio Estudantil, Izabelli Fernandes.
“Tem muita gente nas escolas que convive com violência, e precisam de ajuda”, afirmou o aluno José Maria Bento Neto, 17 anos. “Se alguém não denunciou por medo, e tem gente que não fala, esta é uma oportunidade”, disse a também aluna, Hermione Mendes, 17 anos.
Com atuação no interior do Estado, a sargento Jaqueline Frazão, confirma que já recebeu denúncias de alunos dentro da escola, logo após uma palestra educativa. “Antigamente a polícia dava mais ênfase para as ocorrências na rua, havia um distanciamento do policial para a comunidade. Algumas ações como o Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas) e a Ronda Escolar, trouxe uma proximidade. E os policiais podem atuar com orientação em diversos temas. Agora existe uma proximidade, amizade, a gente cria vínculo e fica mais fácil dos alunos denunciarem qualquer problema, eles confiam e falam”.
Responsável pelo “Escola Segura, Família Forte”, na Polícia Militar, a tenente-coronel Letícia Raquel Lopes, mantém o cronograma diário de visitas e rondas nas unidades escolares. “A interação com a direção, palestras, orientação, tudo isso faz parte das funções dos policias militares que atuam nas escolas. Sempre de forma preventiva”.
Em Campo Grande, todas as 78 escolas da Rede Estadual de Ensino são atendidas pelo “Escola Segura, Família Forte”, e a partir de 2024 a previsão é de expandir o programa para as maiores cidades do interior do Estado. “Estamos na fase de planejamento para implantar em Dourados, Três Lagoas, Ponta Porã e Corumbá”, afirmou o coordenador do programa na Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), Valson Campos dos Anjos.
Natalia Yahn, Comunicação Governo de MS
Fotos: Álvaro Rezende