Empresário preso por fazer festas em condomínio de luxo responde a 10 procedimentos e diz ser ‘injustiçado’

Investigação diz que suspeito "agia como se nada estivesse acontecendo no mundo". Ele teve fiança arbitrada pela Justiça em R$ 200 mil e deve pagar nesta segunda (17)

Instrumentos musicais utilizados na festa foram apreendidos em condomínio de Campo Grande (MS) — Foto: PMA/Divulgação

O empresário de 43 anos, denunciado constantemente por vizinhos de um condomínio de luxo, em Campo Grande, responde a dez procedimentos policiais por perturbação do sossego, direção perigosa, dirigir sob efeito de álcool e desobediência as medidas sanitárias, em razão da pandemia do novo coronavírus. Ele foi preso em flagrante, há dois dias, e teve uma fiança arbitrada em 300 salários mínimos pela Polícia Civil.

Em seguida, quando a polícia encaminhou o procedimento ao Poder Judiciário, o valor foi reduzido para R$ 200 mil, além de R$ 15 mil, que é o valor referente a multa da Polícia Militar Ambiental (PMA), por conta da poluição sonora. Questionado sobre os fatos, ele teria dito que é “injustiçado e também estava sendo perseguido por vizinhos, já que, qualquer coisa que ele fazia, era motivo de denúncias”.

“Ele responde a 8 TCO’s [Termo Circunstanciado de Ocorrência], um inquérito e mais o flagrante que ocorreu neste fim de semana. É uma pessoa que não segue as regras de isolamento e distanciamento social. Age como se nada estivesse acontecendo no mundo e, na última sexta-feira (14), recebemos mais um comunicado por parte de vítimas, inclusive pessoas alegando problemas psiquiátricos por conta da postura dele”, afirmou ao G1 a delegada Deborah Mazzola, titular em exercício do 3° Distrito Policial.

A polícia então fez uma operação no local, por volta das 0h30 (de MS) do sábado (15), contando com apoio da PMA para fazer a emissão de ruídos e a perícia técnica. “Nós chegamos no local e, quando entendemos ser o momento certo, agimos e demos voz de prisão ao empresário e o músico, que cometeu o crime de desacato. Estava acontecendo uma festa, inclusive com lista de convidados na porta. No local, tinha cerca de 20 pessoas, ingerindo bebida alcoólica e tocando violão e sanfona desde o horário de almoço”, explicou a delegada.

Na delegacia, o empresário negou os crimes e disse que não considera uma festa e sim “algo normal”. “Ele falou que até o fato dele ligar a televisão perturba os vizinhos. Porém, nós tivemos acesso a inúmeras gravações e o questionamos, momento em que ele disse que se excedeu algumas vezes, mas, no geral estava sendo perseguido”, comentou Mazzola.

O empresário foi levado para a Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) Centro. “O valor da fiança foi considerando a conduta dele, já causando muita animosidade, algo que, de repente, poderia acabar em algo pior. Em fevereiro deste ano também houve uma decisão da 12 Vara Cível, o impedindo de fazer qualquer tipo de evento na casa dele”, ressaltou.

Na ocasião, foram apreendidos os equipamentos de som como a materialidade do crime e a polícia também fez um cadastro das pessoas que estavam embriagadas no local. Nesta segunda-feira (17) é a data em que ele deve pagar o valor da fiança e a decisão ainda possui medidas cautelares, no qual ele precisa permanecer em casa das 21h até às 5h, além de não fazer mais festas. Caso o valor não seja pago, ele pode ter a prisão decretada novamente.

FontePor Graziela Rezende, G1 MS