Em meio a desgastes por tarifaço e nova operação da PF, Centrão recua e amplia isolamento de Bolsonaro

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Gabriel Sabóia  e Lauriberto Pompeu  — Brasília

A nova frente de desgastes do ex-presidente Jair Bolsonaro, com a operação da Polícia Federal da sexta-feira e o uso de tornozeleira eletrônica, ampliou seu isolamento, afastou o Centrão e pressionou ainda mais a direita por uma definição de rumos para 2026.

Os últimos dias já haviam sido conturbados após o tarifaço sobre os produtos brasileiros, anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ofereceu um discurso político para o governo Lula e expôs uma disputa entre o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Com o agravamento da situação jurídica, aumentou o movimento para que Bolsonaro desista publicamente de se apresentar como candidato à Presidência em 2026, ainda que inelegível, e declare apoio a um nome como Tarcísio.

Há um sentimento majoritário, entre dirigentes partidários que discutem com Bolsonaro uma candidatura de oposição a Lula, de que o ex-presidente erra ao insistir em se colocar como candidato. Segundo essa interpretação, ele deveria abrir mão da pretensão e se apresentar como fiador de um grupo unificado à direita.

Com o enfraquecimento de sua posição política em decorrência da série de investigações, no entanto, representantes do Centrão se veem com mais capacidade de ditar os rumos do debate, o que pode beneficiar o governador de São Paulo.

Uma avaliação no União Brasil e no PP, além da ala do MDB próxima da direita, é que posturas como a do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) — que tem feito defesa das tarifas anunciadas por Trump — só atrapalham os planos eleitorais da direita.

Governador de SP

 

É por esse caminho delicado que Tarcísio vem se movimentando. Em um primeiro momento pós-tarifaço, ele atribuiu a culpa a Lula, mas com a ampla rejeição à medida, promoveu um ajuste no discurso e tentou se mobilizar como alguém disposto a resolver. Teve reuniões com empresários e com o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA, o que gerou um atrito com Eduardo. Anteontem, num gesto em direção ao bolsonarismo, defendeu o ex-presidente em publicação nas redes sociais.

— A candidatura desse campo vai partir do centro para a direita. Defendemos uma candidatura única, e Bolsonaro é o principal nome deste campo. Mas é claro que colocaremos nomes, debateremos um consenso com o ex-presidente — diz o presidente do União Brasil, Antônio Rueda, cobrando uma escolha em comum acordo e reforçando o papel dos partidos de centro na decisão.

FonteGE