Animais que se camuflam na neve, céus coloridos pela aurora boreal, grandes montanhas de gelo que se destacam na imensidão branca. Alguns dos lugares mais gelados e remotos do mundo também estão entre os mais fotogênicos. É justamente esta beleza congelante o objeto do concurso fotográfico Capture the Extreme 2021, que selecionou registros de vida selvagem da Antártica ao Polo Norte.
Combinando temperaturas baixíssimas e belas imagens, as fotografias foram feitas em lugares como Escócia, Canadá, Alpes franceses, Paquistão, Mongólia, Rússia, Islândia, Groenlândia, Noruega, Patagônia chilena e até mesmo no Texas.
O maior número de registros, no entanto, foi feito na Antártica. Do continente gelado, por exemplo, saiu a imagem que levou o prêmio principal do ano, que mostra um pinguim encarando, de forma quase inquisidora, um explorador, que, por sua vez, está vestido à maneira de Ernest Shackleton, líder de algumas das expedições pioneiras pelo Polo Sul..

Ao site da Shackleton, fabricantes de roupas especiais para o frio (que, ao lado das câmeras Leica ,patrocina o concurso), a autora da imagem, Tamara Stubbs, diz que o encontro foi registrado em 2019 e que o pinguim da foto, minutos antes, estava correndo atrás de uma cientista, e que só parou quando viu o homem.
A premiação, cujo resultado foi divulgado no final de março, inclui mais cinco categorias: Vida Sellvagem, Paisagem, Aventura, Gente e a votação popular Explorers’ Choice Award. No total, foram mais de mil imagens inscritas.

O flagrante de uma raposa-do-ártico se espreguiçando rendeu o prêmio na categoria Vida Selvagem a Felix Belloin. O bichinho, branco como a neve, foi registrado no remoto arquipélago norueguês de Svalbard, um dos pontos mais ao norte do planeta, e sonho de consumo de quem gosta de observação de animais. O lugar é um dos melhores também para ver de perto ursos polares, por exemplo.
“É realmente um momento natural num lugar tão extremo. Essas raposas-do-ártico enfrentam condições muito duras em Svalbard, mas essa foto mostra um momento de absoluta serenidade”, elogia um dos jurados no site oficial do concurso.

Na categoria Paisagem, a foto vencedora mostra uma fileira quase imperceptível de pinguins caminhando contra (ou a favor?) o vento sobre um gigante bloco de gelo na Enseada Antártica. No fundo, mais blocos enormes que pareciam montanhas saindo da água.
Segundo o relato do autor, David Mantripp, ao site da Shackleton, foto foi tirada em 2016, durante um mau tempo. “A maré alta e os ventos fortes deixavam a maioria das pessoas longe do convés do navio, mas eu consegui me encurralar num canto e fui recompensado com essa vista incrível”.

A foto escolhida na categoria Aventura foi a de Diego Martinez, que registrou o alpinista espanhol Alex Txikon durante a escalada do Pico Spigot, em Orne Harbour, na Antártica. Os dois participaram de uma expedição pelo continente entre dezembro de 2019 e janeiro de 2020. A foto foi tirada às 23h, mas nem parece, já que, no verão, praticamente não há noite no Polo Sul.
Segundo o site do concurso, um dos motivos pelo qual a obra venceu a categoria foi pelo fato de ela resumir o desafio da exploração da Antártica. “Uma pequena figura humana, solitária num lugar épico e perigoso”, avaliou um dos jurados.

E o que dizer desta, que talvez seja uma das selfies mais congelantes já feitas? Em 11 de setembro de 2020, Wayne White, então gerente na Estação Polo Sul Amundsen-Scott, na Antártica, fez esse autorretrato quando saiu da base para uma caminhada. Os termômetros marcavam – 75.6°C. Foi eleita a melhor na categoria Gente.
“Você pode sentir o frio nesta fotografia. A máscara congelada e as sobrancelhas cobertas de gelo traduzem o quão duro esse ambiente é. Dá uma ideia de como deve ser viver ou trabalhar num dos lugares mais frios da Terra”, justificou um dos jurados, no site do concurso.

A foto preferida pelo público e vencedora do Explorers’ Choice Award mostra uma ilhota rochosa cercada pelas águas congeladas do Lago Baikal, na Rússia. A imagem, que recebeu mais de três mil votos, foi registrada por Wilder Biral durante uma expedição fotográfica pela Sibéria, em 2017, numa tarde em que os termômetros marcavam – 28°C.