CHUVA E FRIO INTENSIFICAM AÇÕES DE ABORDAGEM ÀS PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA

O avanço de uma frente fria em Mato Grosso do Sul, provocando chuvas e queda de temperatura na Capital, levou as equipes do Serviço Especializado em Abordagem Social (Seas) da Secretaria Municipal de Assistência Social (SAS), a intensificar as abordagens à população em situação de rua desde a noite dessa quarta-feira (14).

De acordo com o Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec), o feriado de Páscoa deve ter temperaturas baixas, com a máxima não ultrapassando a marca dos 17ºC em Campo Grande. De olho nos termômetros, as equipes de abordagem já registraram, na noite passada, um aumento no número de atendimentos e chamadas nos dois celulares que o Seas disponibiliza para a população denunciar casos de pessoas em situação de rua.

Ao todo foram realizadas 12 abordagens, quatro encaminhamentos para unidades de acolhimento, além de cobertores entregues às pessoas em situação de rua, que recusaram o atendimento de acolhimento. Um dos usuários encaminhados para a UAIFA I foi João Carlos Frutos de Souza, que pediu para a equipe do CRS Tiradentes, onde recebia atendimento médico, entrar em contato com o Seas.

Vivendo em situação de rua há 16 anos, ele contou que pediu acolhimento devido à chuva, mas que também deseja atendimento em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). “Saí de casa por problemas de família, mas ficar na rua nesse tempo de frio é difícil. Lá na UAIFA a gente pode se alimentar, tomar banho e pedir ajuda para voltar a trabalhar. A gente é atendido com muito respeito”, pontuou o ex-servidor público que também solicitou orientação para retirar a segunda via de seus documentos pessoais.

Levado para a UAIFA I, João Carlos foi atendido pelos educadores sociais e encaminhado para o refeitório, onde teve a oportunidade de fazer sua primeira refeição do dia.

Segundo a superintendente da Proteção Social Especial da SAS, Tereza Cristina Miglioli Bauermeister, tanto as abordagens quanto a procura espontânea pelos serviços por meio do Centro POP cresce 50% nos períodos de frio. Já a aceitação pelo acolhimento aumenta em média 20%. “Muitas pessoas têm uma passagem rápida pelas unidades de acolhimento porque decidem voltar para a rua, mas nossos serviços estão à disposição sempre que o usuário desejar retornar”, disse.

Estrutura

Para atender as demandas da população e realizar as buscas ativas, dez equipes se revezam em turnos durante nos sete dias da semana. As ações de abordagem e oferta do serviço de acolhimento ocorrem 24 horas e são realizadas por educadores sociais e psicólogos. Os profissionais oferecem os serviços da Rede de Assistência Social do município disponíveis nas duas Unidades de Acolhimento Institucional para Adultos e Famílias (UAIFA’s), além da Casa de Passagem Resgate, que acolhe os estrangeiros e migrantes, e a Casa de Apoio São Francisco.

Nas unidades, os usuários podem realizar a higiene pessoal em banheiros adaptados e dispõem de dormitórios em alas separadas. Há, inclusive, área reservada para as famílias. Também recebem roupas e agasalhos doados pela população, alimentação, passam por atendimento psicojurídico social e são encaminhados para serviços da rede de atendimento municipal. As equipes ainda orientam quanto a solicitação de documentos e encaminhamento para oportunidades de trabalho, em parceria com a Funsat.

Dinâmica

Ao receber a denúncia via telefone celular, as equipes, que ficam sediadas no Centro POP, vão até o endereço indicado para fazer a oferta do acolhimento. No local é feito um relatório sobre a situação do usuário, caso ele seja encontrado no ponto indicado. Independente de localizar a pessoa, a equipe faz uma devolutiva para a pessoa que acionou o serviço.

Já na busca ativa, as ações acontecem em diversos pontos da área central, viadutos e próximo ao antigo terminal rodoviário. O objetivo é convencer a pessoa a sair das ruas, mas há uma parcela que recusa o atendimento, na maioria das vezes devido ao uso de substâncias psicoativas.

As recusas de atendimento são um direito garantido pela Constituição Federal de 1988, em seu Art. 5º, Inciso XV.

“Nos casos em que a pessoa não aceita o acolhimento, nós entregamos os cobertores, mas essa pessoa poderá ser abordada outras vezes porque nós não desistimos dela. As equipes sempre retornam nos mesmos pontos com abordagens diferenciadas”, explicou o secretário municipal de Assistência Social, José Mário Antunes, que também ressaltou o cuidado em acompanhar a previsão meteorológica para garantir a antecipação das ações da SAS.

Para acionar as equipes do Seas, a população pode entrar em contato pelos telefones (67) 99660-6539 ou 99660-1469, que funcionam de forma ininterrupta.

FonteAgência Municipal de Campo Grande