Brasileiro isolado em Wuhan fala de expectativa sobre fim da quarentena: ‘Ansiedade e apreensão’

O brasileiro Hernandes dos Santos Miguel, de 23 anos, está em Wuhan, cidade onde se originou o coronavírus, há quase seis meses. Nos últimos dois meses o estudante vive em confinamento na cidade por causa da propagação da doença. Agora, a ansiedade em ter a liberdade de volta é grande.

“A previsão para abertura total da cidade é para o dia 8 de abril. Os chineses, assim como eu, estão muito ansiosos, mas o mesmo tempo apreensivos, porque já faz muito tempo que estamos presos dentro de casa. Então, há muita incerteza em cima dessa volta a vida normal, que sabemos não será como antes”, afirmou em entrevista ao G1.

Hernandes, que deixou São José do Rio Preto (SP) em outubro do ano passado para estudar mandarim, conta que a cidade ainda não está totalmente aberta, mas aos poucos as autoridades estão liberando as pessoas a saírem de casa.

Os moradores, onde o novo coronavírus foi identificado em dezembro do ano passado, estão sendo autorizados a voltar ao trabalho, enquanto o transporte público é retomado.

“Nas áreas consideradas seguras da cidade, as pessoas podem sair e ficar no máximo duas horas na rua. Grande parte dos estabelecimentos já voltaram a funcionar, alguns trens já estão funcionando, bem como os ônibus”, diz.

Os moradores, segundo o brasileiro, vão poder retornar aos seus locais de trabalho se tiverem uma licença emitida pelo empregador. Já sobre deixar Wuhan para viajar para outras partes da província de Hubei, da qual faz parte, serão autorizados se forem declarados negativos para os testes de Covid-19 e portarem um atestado médico.

De acordo com Hernandes, a situação na China já está controlada, mas Wuhan ainda não está totalmente aberta. Algumas medidas da quarentena, que começou no dia 23 de janeiro, ainda estão sendo adotadas.

“Na minha universidade ainda não podemos sair sob nenhuma hipótese, porque dois dos nossos ginásios foram transformados em hospitais temporários para os infectados, e os dormitórios dos alunos chineses foram usados para quarentena compulsória de alguns pacientes. Então essa é considerada uma área de risco”, afirma.

Solidariedade

O estudante mora no dormitório para alunos internacionais na universidade onde estuda. Ele ainda diz que a mobilização chinesa para cuidar dos doentes fez aumentar seu fascínio pelo país.

“O que eu pude extrair de positivo de tudo isso, e que fez crescer ainda mais o fascínio que eu já tinha pela China antes mesmo de vir pra cá, foi ver como os chineses se engajaram pela causa. A nação inteira se mobilizou”, afirma.

FontePor Marcos Lavezo, G1 Rio Preto e Araçatuba