Assédio no Trabalho

A busca por melhora na renda, a perda de um emprego formal ou mesmo a oportunidade de ganhar dinheiro sem vínculo, motiva cerca de 10 mil pessoas a trabalharem como motoristas de aplicativos em Mato Grosso do Sul. De acordo com a Associação Estadual de Motoristas por Aplicativos (Applic-MS), o que era para ser uma atividade econômica, tornou-se motivo de constrangimento e medo para alguns desses profissionais.

De incômodas “cantadas” a clientes que tocam motoristas durante as corridas, são cerca de 100 casos de assédio diariamente no estado, segundo o presidente da Applic, Paulo Pinheiro.

“Normalmente as vítimas são mulheres e acontecem à noite e de madrugada. O que mais temos são casos de clientes que ameaçam avaliar mal a motorista caso ela não pareça ‘receptiva’ com seus comentários. Nós as orientamos para que lidem com essa situações pensando sempre na própria proteção”, relata.

O G1 conversou com três motoristas – duas mulheres e um homem – que viveram situações constrangedoras com passageiros. Nenhum deles registrou ocorrência sobre os casos de assédio. Uma motorista de 40 anos, desistiu da atividade.

Um motorista de 59 anos que prefere não identificar-se, conta que durante uma corrida, o passageiro de 60 anos chegou a tocar-lhe: “Ele começou perguntando sobre minha vida particular, se era casado ou tinha filhos. Por educação, disse que era comprometido, mas não foi suficiente”, relata.

A mulher conta que em 2 anos que trabalha com aplicativos, sempre ouviu das colegas que o maior medo é que o assédio evolua para um estupro. “Teve o caso de um rapaz que era turista e insistiu muito para que eu tivesse alguma coisa com ele, e ao final da corrida que tinha dado R$ 17, ele meu deu uma nota de R$ 50 e falou com desdém para eu ficar com o troco. Eu disse que ele pegasse o que era dele e fosse embora”, relata.

Motorista pode denunciar cliente que comete assédio

De acordo com o presidente da Applic, cada motorista faz em média 20 corridas por dia trabalhando para as cinco empresas que atuam em viagens por aplicativo no estado. Em casos de clientes que tocam nos motoristas ou mesmo quando sentem-se ameaçados ou constrangidos, eles são orientados a denunciar o passageiro:

“Através da própria plataforma é possível reportar à empresa que aquele passageiro passou do limite. Em casos recorrentes, providências são tomadas para que não se repita mais ou torne-se um problema mais grave”, afirma.

O coronel Waldir Acosta, Comandante-Geral da Polícia Militar em MS, explica que quando o motorista sentir-se ameaçado, pode acionar a polícia através do telefone 190. Uma viatura será encaminhada até o local e posteriormente, a vítima deverá acompanhar a polícia junto com o suspeito até uma delegacia para registrar boletim de ocorrência.

FonteG1 MS