A mancha quente de água que se move no Pacífico em direção à América do Sul e inquieta cientistas

Ela é tão grande que ocuparia um pouco mais da metade do México e duas vezes a superfície do Estado de Minas Gerais. Satélites mostram que uma área gigantesca e vermelha no Pacífico, perto da Nova Zelândia, está se locomovendo em direção à América do Sul.

Os pesquisadores apelidaram essa zona de “macha quente” — hot blob, em inglês. O descobrimento dessa área vermelha, por meio de imagens tiradas por satélites, coincidiu com uma onda de calor que provocou graves incêndios na Austrália, ao mesmo tempo em que regiões da América do Norte experimentaram fortes tempestades de inverno.

A mancha compreende uma área do oceano de cerca de 1 milhão de km² cuja temperatura aumentou entre 4°C e 6 °C, mais que o previsto para essa região.

Esse fenômeno inesperado pode, segundo cientistas, ajudar a explicar o forte aumento de gás metano na atmosfera. Sem contar com as zonas do trópico, a mancha vermelha é a área com maior temperatura média na superfície oceânica mundial, diz James Renwick, chefe do Departamento de Geografia, Meio Ambiente e Ciência da Terra da Universidade de Victoria, em Wellington, na Nova Zelândia.

O jornal “New Zealand Herald” diz que a mancha começou a se formar em outubro, mas as temperaturas se mantiveram na média e não cresceram de maneira significativa. No entanto, um aquecimento mais acentuado em dezembro fez a mancha aumentar e a temperatura subir fortemente.

A formação da mancha quente

Segundo Renwick, vários fatores contribuíram para a formação da “mancha quente”, entre eles o “anticiclone”, um sistema natural de alta pressão que tem reduzido as correntes de vento nessa parte do Pacífico.

“Temos tido pressões bastante altas, dias ensolarados e ventos leves, o que favorece um aquecimento acelerado da superfície do oceano”, disse ele ao jornal “New Zealand Herald”.

“Se os ventos são fortes, então tudo se dispersa. Se não há essa dispersão, o aquecimento do sol é absorvido pela superfície do oceano e gera essa capa de água muito quente”, explicou.

Ou seja, sem ventos fortes, a temperatura da água aumenta e essa corrente quente se move até perto das costas.

Mas quão significativa é essa mancha?

Segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos, as temperaturas do oceano podem variar em grandes proporções, e um grau a mais ou a menos de diferença já é “preocupante” por provocar efeitos adversos no clima do planeta como um todo.

A área que compreende a mancha quente sofreu um aumento de 4ºC a 6ºC na sua zona central, o que é considerado significativo.

De acordo com Renwick, a capa de água quente se estende por 50 metros debaixo da superfície. Os cientistas ainda vão pesquisar o impacto que isso provocará na vida marinha dessa região.

Manchas quentes parecidas com essa foram identificadas há cinco anos nas costas da Califórnia e do Alasca em setembro. Cientistas alertaram para um fenômeno similar na costa oeste dos Estados Unidos.

Que efeitos essa mancha pode provocar?

Segundo Renwick, a mancha quente não terá impacto direto sobre o clima ou a vida na Nova Zelândia. Como ela está a caminho da América do Sul, a expectativa é que se disperse e perca parte do calor antes de chegar a qualquer zona povoada.

FonteBBC