Diante da crise climática, presidente Lula adota pragmatismo e reconhece que deve utilizar instrumentos do presente para construir o futuro
Paralelamente a essa visão econômica, o Brasil avança com propostas criativas de conservação. A proposta do Fundo Florestas para Sempre surge como um mecanismo inovador, buscando garantir financiamento permanente e em escala para a manutenção dos biomas. A ideia transcende a lógica de projetos pontuais, propondo uma estrutura de remuneração contínua pelos serviços ambientais prestados pelas florestas, o que representaria um avanço significativo na arquitetura financeira global para o clima. Ela já obteve animadores aportes iniciais de US$ 10 bilhões.
A própria realização da COP30 no Brasil serve como uma afirmação robusta do combate ao negacionismo climático. Em um contexto geopolítico conturbado, marcado pela retirada dos Estados Unidos de Donald Trump do Acordo de Paris — ato que culmina na ausência estadunidense nesta conferência —, o país se coloca na vanguarda do multilateralismo ambiental.
Ao harmonizar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental de forma não dogmática, o Brasil envia uma mensagem poderosa. O país demonstra que a liderança climática não reside na negação da ciência, mas na coragem de encarar as nuances e construir pontes entre o hoje e o amanhã. Nesse equilíbrio delicado e necessário, o exemplo brasileiro se torna uma contribuição vital para um debate mais produtivo e, em última instância, mais eficaz para o planeta. Fundamentalmente, porém, é obrigatório que esta seja, afinal, a COP das implementações.
A reunião ocorre no momento em que o mundo não conseguiu cumprir sua principal meta de mudança climática estabelecida em Paris, em 2015, que é limitar o aumento das temperaturas globais a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais. Provavelmente, ultrapassará esse limiar na próxima década, como alertou na terça-feira passada o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o que pode submeter até 70% da população global a ondas de calor e outros eventos climáticos extremos.
Como não poderia deixar de ser, a participação dos movimentos sociais é outra vertente fundamental que ocorre em paralelo a esta COP. É fundamental que o evento se abra para as exigências das comunidades excluídas. Elas expressam o grito dos “Condenados da Terra”, como aludiu o presidente Lula em uma das sessões temáticas em Belém, muitos dos quais vivem em meio às urgências de uma catástrofe que já não é apenas anunciada, e sim muito presente.





