Os cálculos de
Tarcísio
podem estar errados. Ele assustou o centro que precisa atrair e tentou agradar à extrema direita, que votaria nele contra Lula
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RESUMO
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O que ouvi no Supremo é que o chefe do Executivo paulista não mostrou respeito ao cargo que ocupa, nem deu demonstração de ter “noção de institucionalidade”. E isso é grave para quem tem a ambição de governar o Brasil. Em determinado momento do discurso, Tarcísio se fez uma pergunta. “Será que a gente está vivendo um estado livre, democrático?” E ele mesmo respondeu: “Certamente não”. É assustador que o governador do maior estado do país seja capaz de dizer que o Brasil não é uma democracia. Se ele não sabe diferenciar, apesar de ter sido eleito por ela, e querer se candidatar ao cargo maior do país, a situação fica bem complicada.
Há mais um dado para colocar nessa conta. A enorme bandeira americana carregada pelos militantes para os quais ele falou é contraproducente. Neste momento, brasileiros estão perdendo emprego, empresas estão em situação difícil, e a incerteza envolve muitos negócios. Os manifestantes estavam naquele ato agradecendo ao presidente que atirou contra a economia brasileira.
Os tiros atingiram principalmente o estado que Tarcísio de Freitas governa. É como se ele colocasse de novo o boné do Trump em momento de hostilidade do presidente americano contra o Brasil.
A proposta de anistia que está sendo defendida pelos bolsonaristas tem pontos bizarros. Concede perdão à “organização criminosa ou à constituição de milícia privada”. O que tem causado mais espanto é a anistia aos que “estejam sendo, ou, ainda, eventualmente possam vir a ser investigados, processados ou condenados”. Não é apenas amplo, geral e irrestrito, é também um perdão judicial no mercado futuro de crimes. Abre uma temporada de crimes livres “até a data da entrada em vigor desta lei”. É um convite para atos ilegais por todo esse período, inclusive hoje.
A dúvida é se o engenheiro civil formado pelo Instituto Militar de Engenharia fez uma boa equação. Se aparecer como candidato viável do eleitorado que não quer a reeleição do presidente Lula, é evidente que a extrema direita vai votar nele. Dado que em hipótese alguma votaria em Lula. Quando diz que não confia na Justiça, que o ministro relator do processo é um ditador, e o Brasil não é uma democracia, ele vocaliza os mais radicais. Que já votariam nele pela lei da gravidade. O que um dos analistas acredita que ele teme ser desidratado por outro candidato mais radical. Só que o centro é que está em disputa. E esse centro se assustou com a fala do governador.
O Brasil precisa se livrar do golpismo que atormentou a nossa vida republicana. E é nessa linha que trabalha o Supremo Tribunal Federal. O STF não está impondo um processo tirânico. Está julgando vários réus, entre eles Bolsonaro, baseando-se numa lei que foi sancionada pelo próprio ex-presidente Jair Bolsonaro